Tradição e tecnologia consolidam o Vale na produção de chocolate

SABOR E NEGÓCIOS

Tradição e tecnologia consolidam o Vale na produção de chocolate

Marcas tradicionais perpetuam gerações e inovam para acompanhar o crescimento do mercado interno e de exportação. Fábricas também ampliam equipes e promovem lançamentos voltados à época do ano com maior consumo do doce

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Tradição e tecnologia consolidam o Vale na produção de chocolate
Produção artesanal ganha força durante a Páscoa e contribui para contratações temporárias. Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

A tradição nos chocolates e os investimentos em tecnologia consolidam o setor na região. São pelo menos 19 indústrias, que empregam cerca de 1,1 mil trabalhadores. As marcas locais produzem em média 100 toneladas ao mês e, durante o período da Páscoa, ampliam o ritmo nos parques fabris.
Embalados para o mercado interno e exportação, os chocolates do Vale do Taquari ocupam importante espaço na economia regional. Com crescimento médio anual de 20%, o resultado se traduz na expansão das unidades.

O cenário favorável faz com que marcas tradicionais como a Haenssgen, de Cruzeiro do Sul, e a Neugebauer, de Arroio do Meio, ampliem a gama de produtos e promovam investimentos. O mesmo ocorre na Florestal, a consolidada fabricante de balas e pirulitos deve inaugurar ainda em abril a fábrica de chocolates em Lajeado.

Os constantes investimentos em tecnologia também refletem na qualidade do chocolate. Prova disso, produtos da Divine, de Encantado, foram premiados durante feira internacional em Dubai. Além das grandes indústrias, a produção artesanal complementa a força do setor na região, é o caso da Requinte Chocolatteria, de Arroio do Meio.

Ainda que a Páscoa represente um importante momento para as fabricantes, dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) revelam aumento no consumo durante o ano todo. Para atender aos mais diversos paladares, e tornar o hábito de presentear amigos e familiares, o mercado aposta no incremento do portfólio.

Pioneiros do setor

A evolução do segmento perpetua gerações a partir da sinergia de imigrantes alemães, italianos e açorianos, dispostos a empreender. Movimentos que contribuíram para o pioneirismo da produção de chocolate no Vale a partir do fim do século 19.

Entre as empresas mais tradicionais está a Haenssgen, de Cruzeiro do Sul. Ela é considerada a primeira fábrica familiar de chocolates do país, fundada em 1895. No auge da produção chegou a empregar mais de 400 funcionários. Após dificuldades enfrentadas no início dos anos 2000 mudou o posicionamento da marca.

Hoje, emprega mais de 100 trabalhadores e atua na produção de bombons, tabletes, wafers, chocolates nobres (diet e sem lactose), coberturas e recheios. No ano passado, investiu cerca de R$ 8 milhões na atualização do maquinário.

De acordo com o diretor comercial Maurício Haenssgen, esse reposicionamento foi necessário para se adequar ao mercado. “Mudamos nosso foco para a área de Food Service. Com isso, nossos produtos abastecem como matéria-prima grandes, médias e pequenas indústrias em todo o país.”

Apostas para a Páscoa

A Páscoa representa cerca de 30% do faturamento anual da Neugebauer. A companhia emprega 740 profissionais, distribuídos entre a fábrica, em Arroio do Meio, o escritório comercial, em Porto Alegre, e as equipes de venda espalhadas pelo país. No ano passado, investiu R$ 80 milhões na ampliação e modernização da unidade fabril.

De acordo com o diretor comercial Sergio Copetti, a aposta nesta Páscoa é no portfólio regular, além de lançamentos e novas embalagens. “Na data, é explorada a grande procura por chocolates para atrair o consumidor. Trata-se de uma ótima oportunidade para divulgação dos produtos, disponíveis o ano inteiro.”

Para 2023, a expectativa é que o período da Páscoa registre um aumento do consumo da linha de bombons. Há ainda, demanda crescente por chocolates com maior porcentagem de cacau e com agregados, além da consolidação do chocolate tipo wafer.

Há 20 anos, Bernadete Both, de Arroio do Meio, começou com produção caseira para atender pedidos da família. Crédito: Felipe Neitzke

Fábrica em Lajeado

A Florestal Alimentos inicia em abril a fabricação de chocolates em Lajeado. Para adequar a planta industrial e ampliar a estrutura foram investidos R$ 53 milhões. Serão produzidas barras e diferentes formatos.

Para a Páscoa, a Florestal aposta em um catálogo especial com destaque aos chocolates produzidos em Gramado. Conforme o diretor comercial, Fabris Riboldi, as vendas de ovos dobraram em relação a 2022, sendo vendidos para grandes, pequenos e médios varejos, além de atacados e distribuidores.

“A perspectiva é muito positiva em relação à Páscoa deste ano. E para 2024 a empresa já prevê um grande e vigoroso incremento em suas vendas”, reforça Riboldi. A nova linha empregará em torno de 20 pessoas, em dois turnos de produção.

O diretor comercial ainda ressalta a importância da moderna operação dedicada exclusivamente à produção de chocolates da marca Florestal. “Isso permite quintuplicar a atual capacidade, com a garantia da qualidade que há oito décadas trabalhamos”, ressalta.

Trabalho temporário

A uma semana da Páscoa, o movimento maior se concentra nas lojas. Nas indústrias já se inicia o planejamento para o próximo ano. De acordo com a gerente de marketing da Divine Chocolates, Verônica Dadalt, a data envolve diferentes setores para acolher a demanda.

“A Páscoa na Divine é o ano inteiro, a gente entrega uma e já inicia todo planejamento da próxima, pois são muitos detalhes e demandas que envolvem um projeto desta proporção”, ressalta. Para dar conta, a empresa contrata funcionários temporários na produção e no quadro administrativo.

Com 250 funcionários, a fabricante de chocolates com sede em Encantado também faz investimentos. “Está em construção o novo prédio administrativo que também vai comportar a loja”, reforça Verônica. Ela destaca ainda novidades que serão apresentadas durante o ano na linha de cafés e chocolates.

Produção artesanal

Há 20 anos, Bernadete Both, de Arroio do Meio, produz chocolate de forma artesanal. Ela transformou a produção de ovos de Páscoa para a família em uma oportunidade de negócios. “Não tinha condições para comprar os presentes e aprendi a fazer por conta dos chocolates para os filhos e afiliados”, lembra.

Hoje, proprietária da Requinte Chocolatteria ampliou para 15 o número de funcionários. Com o aperfeiçoamento profissional e investimentos na unidade mantém crescimento médio de 20% ao ano. “Estamos muito satisfeitos com os resultados e queremos continuar crescendo.”

Para garantir preço e padrão de qualidade, a compra da matéria-prima iniciou ainda em agosto do ano passado. Além da loja na fábrica, também fazem feiras e contam com alguns produtos que vão para o varejo, é o caso do alfajor e das trufas. Ao todo, são mais de 100 variedades, desde itens personalizados a chocolates tradicionais.


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