“Não consigo me ver longe da Inhandava”

ABRE ASPAS

“Não consigo me ver longe da Inhandava”

Referência no Carnaval de Bom Retiro do Sul, dos 52 anos de vida, Lene Petry dedicou 40 à Escola de Samba Inhandava. Atual vice-presidente do grupo, Lene é professora de dança e também uma das idealizadoras do Dança Bom Retiro. A sua história pessoal se confunde com a da escola e revela momentos marcantes.

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“Não consigo me ver longe da Inhandava”
Crédito: Raica Franz Weiss
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Quando começou a tua história com a Inhandava?

A escola completou 40 anos em dezembro do ano passado e estou junto desde o início. Começou com um grupo de amigos, inspirados pelas festas de Carnaval das outras cidades, como Taquari e Lajeado, que costumavam ser muito fortes. Eu tinha 13 anos na época.

Nesses 40 anos, o que mudou?

Acho que, no passado, as pessoas se engajavam mais. Naquela época, famílias inteiras ajudavam. Meus pais desfilavam junto comigo. Era uma espécie de tradição. Naquele tempo, as fantasias eram bordadas e todo mundo ia para a agulha.

Quando começam os preparativos para o Carnaval?

Assim que um Carnaval termina, já começam os preparativos para o próximo. Temos que definir um tema e desenvolver uma pesquisa em torno. Também fazemos a eleição de uma nova diretoria, além de ações e atividades o ano inteiro para arrecadar fundos para a escola e também manter as pessoas engajadas.

Qual o tema deste ano?

Nos últimos anos, temos optado por homenagear temáticas de Bom Retiro. Queremos contar a nossa história. O município tem pouco mais de 60 anos e a Inhandava tem 40. É uma história que quase se mistura. Neste ano, o tema é em homenagem às mulheres da cidade. Na maior parte dos registros históricos aparecem só homens, mas descobrimos que muitas mulheres também fazem parte da construção do nosso município. Queremos homenagear elas.

Conte um Carnaval que te marcou.

Oito anos atrás, eu era presidente da escola e descobri um câncer de mama no mês de outubro. Em fevereiro, eu precisava colocar a escola de samba na avenida. Eu lembro do desfile daquele Carnaval. Tinha feito uma sessão de quimioterapia na quarta-feira e na sexta-feira eu estava na avenida desfilando. Foi bem difícil, não sabia se sequer chegaria ao final da rua.

Eu estava bem debilitada, sem cabelo, muito magra com o tratamento. Mas consegui desfilar naquele dia e nos próximos. Como presidente, consegui organizar a escola. Isso foi uma vitória para mim. Vai ficar marcado para sempre na minha memória.

Como foi enfrentar a pandemia?

Nós não paramos, continuamos fazendo ações e mantendo o espírito vivo. Tivemos Carnaval em março de 2020, mas desde então estamos sem desfilar. Este ano é a retomada.

O que te motiva a continuar, depois de tantos anos?

Eu não consigo me ver longe da Inhandava. Exige muita dedicação, é puxado às vezes, mas não consigo não me envolver. Faz 40 anos que participo, nenhuma vez fiquei assistindo de fora o desfile. Enquanto eu tiver possibilidade, vou continuar junto da Inhandava, ela é um ícone cultural de Bom Retiro.

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