Mentiras, preconceitos e os riscos à democracia

Opinião

Elisabete Barreto Müller

Elisabete Barreto Müller

Professora universitária e delegada aposentada

Mentiras, preconceitos e os riscos à democracia

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Como muitos dos leitores, considero-me uma pessoa bem-informada. Mesmo assim, tenho dúvidas sobre várias informações que chegam a mim nesta campanha eleitoral.

É claro que recebo notícias escancaradamente falsas. Nessas ocasiões, faço logo contato com a pessoa que me enviou e a alerto sobre as implicações legais de compartilhar mentiras. Essa tarefa não é fácil porque muitas pessoas estão contaminadas na sua realidade paralela, nos moldes alertados pelo documentário “O Dilema das Redes”, mas faço a minha parte.

No entanto, recebo materiais que fico em dúvida sobre a veracidade. São vídeos, áudios, cards… perfeitos e confeccionados para enganar. Eu olho para aquilo e penso: será que é verdade mesmo? Dá uma “cosquinha” nos dedos para digitar e passar adiante, seja para denunciar ou para alegrar uma amizade que pensa politicamente igual a mim.

Só que eu consigo parar para refletir e lembro que há um movimento perverso que se articula para iludir e tirar vantagem, que se alimenta da ignorância alheia. Daí, tiro um tempo para pesquisar, ir atrás de fontes confiáveis e, por fim, descubro que também quase entrei na onda das Fake News. Que tristeza é saber que tanta gente inocente não consegue fazer isso e acredita em coisas estapafúrdias!

Um voto forjado no erro não é uma escolha consciente e livre. Desmascarar essas mentiras compartilhadas deveria ser papel de todas as pessoas que valorizam a democracia. Sei que isso é muito desgastante, que perdemos um tempo precioso, só que é a única forma de colaborar com uma campanha que deveria estar primando pela verdade e que, infelizmente, não está.

E o que dizer da onda de preconceito sobre os mais variados temas? A última foi sobre os nordestinos. Como pode alguém ir para as redes sociais e destilar ódio contra um povo trabalhador, inteligente, alegre e hospitaleiro? O que leva tantos a fazerem um cancelamento de outros seres humanos? Acaso se acham mais brasileiros, melhores?

E nem estou tocando aqui no aspecto criminal desses comportamentos porque o espaço curto não permite. Há algumas semanas pela frente e tenho certeza de que muitas mentiras e preconceitos ainda virão. No entanto, não podemos normalizar isso tudo e aceitar uma campanha desleal que ocorre para gerar medo, ódio e desespero em pessoas crédulas.

A democracia corre sérios riscos e pede socorro! Não é assim que se faz uma campanha limpa! Democratas, precisamos nos unir, agir e denunciar!

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