Cinco dias para celebrar a literatura em Lajeado

FESTA DOS LIVROS

Cinco dias para celebrar a literatura em Lajeado

Feira do Livro de Lajeado chega à 16ª edição e convida a comunidade à Praça da Matriz. Entre os destaques da programação que vai até domingo, está a presença do escritor angolano Ondjaki, assim como o lançamento de mais 30 livros de autores do Vale do Taquari

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Atualizado quarta-feira,
17 de Agosto de 2022 às 08:09

Cinco dias para celebrar a literatura em Lajeado
Nos estandes, estarão 10 livrarias em meio às apresentações artísticas na praça. Crédito: Felipe Neitzke
Lajeado
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A Praça Marechal Floriano, mais conhecida como Praça da Matriz, é palco de um dos principais eventos literários da região. A 16ª edição da Feira do Livro de Lajeado, que inicia hoje, tem programação até domingo, 21, e convida a comunidade para respirar arte e literatura em cinco dias de evento.

Em homenagem ao centenário de nascimento do escritor português José Saramago, o tema “Janelas Literárias” destaca a história do autor e marca o retorno da feira presencial à praça. Desde o primeiro ano do evento, em 2006, a iniciativa é do Sesc de Lajeado em parceria com o governo municipal e instituições locais.

Diretora do Sesc, Betina Durayski lembra que a primeira edição foi na Praça da Matriz, como uma experiência, voltada ao público infantil. No ano seguinte, já recebeu o nome de Feira do Livro de Lajeado e o primeiro patrono convidado foi Fabrício Carpinejar.

Desde então, em todos os anos até 2019, o evento agitou a cidade, também em locais como o Parque do Imigrante, o Parque Histórico e o Parque dos Dick. Em 2020, a programação foi virtual, e no ano passado o formato da feira foi híbrido.

“Um evento da cidade”

Betina lembra que, a partir de 2015, com a parceria da Academia Literária do Vale do Taquari (Alivat), além do patrono, um escritor da região passou a ser homenageado. Desde a primeira edição da feira, ela percebe mudanças.

“Vimos a evolução do evento. Cada ano ganhando força, com maior participação do público. Se tornou uma feira muito querida pela comunidade. Um evento da cidade”, destaca.

Para este ano, a expectativa é boa. Além das 10 livrarias presentes na praça, a programação é marcada por apresentações artísticas, horas do conto, e pelo lançamento coletivo de mais de 40 escritores da região. Serão mais de 30 títulos apresentados à comunidade na manhã de sábado, às 9h30min, na Praça da Matriz.

“Este lançamento tem um significado muito especial, porque é uma forma de incentivar escritores e estimular a leitura”, destaca o presidente da Alivat, Deoli Gräff. O acadêmico também ressalta a grande produção literária do Vale. “Isso é uma demonstração do alto nível cultural da nossa região, a produção literária aqui é muito positiva”, reforça.

Escritores locais

Este ano, a patrona da feira é a professora, doutora em Letras e escritora Ivete Kist, uma das primeiras acadêmicas a ingressar na Alivat. “Fiquei um pouco surpresa com o convite, mas compreendi que poderia ser uma oportunidade legal de participar desse evento e de colaborar. Fui me sentindo cada vez mais contente de estar junto”, conta.

Com a vida dedicada ao estudo, leitura e literatura, sente-se pertencente à feira. Além disso, Ivete se identifica com o tema do evento, em homenagem ao centenário do escritor português José Saramago. Ela lembra que foi para Portugal em duas ocasiões, durante o doutorado em Lisboa, e mais tarde, em 1998, quando deu aula na Universidade de Lisboa.

Aquele também foi o ano em que Saramago recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. “Eu estava lá quando ele foi anunciado, e isso foi muito importante. Ele foi o primeiro e único escritor de língua portuguesa que ganhou. O prêmio existe desde 1901, e ele foi o único”, destaca.

Durante a programação do evento, haverá dois momentos de conversa com a patrona. Hoje, às 14h, e no dia 18, às 10h, na Casa de Cultura. O homenageado da 16ª edição da feira é o professor e escritor Waldemar L. Richter.

Envolvimento comunitário

Secretário da Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Reckziegel acredita que o público deste ano será semelhante ao da edição de 2019, quando mais de 15 mil pessoas circularam pela feira. As atividades também ocorrem no entorno da praça, no auditório do Castelinho, no Salão Paroquial da Igreja Santo Inácio de Loyola, na Biblioteca Pública, Casa de Cultura, Univates, Ceat, Labilá e Sesc Lajeado.

“É fundamental esse envolvimento no entorno da praça, é uma forma de integração que envolve toda a comunidade”, garante o secretário. A Mostra Pedagógica das Escolas Municipais e Projetos Vida será no Salão Paroquial, com apresentação de trabalhos voltados à literatura.

Reckziegel também acredita que a feira se tornou querida pela comunidade por trazer ao público todos os tipos de cultura. “Além de livros, existem espetáculos diferenciados. É o despertar do prazer pela literatura.”

Programação

Durante os cinco dias de feira, haverá encontros com os escritores Chris Dias, Chiquinho de Vilas, Léia Cassol e Lélia Almeida. A abertura oficial será hoje, às 9h. A programação completa pode ser conferida nas redes sociais da 16ª Feira do Livro ou no site da prefeitura de Lajeado.

Primeiro dia de feira

Quarta-feira (17/08), das 9h às 19h

9h – Abertura da 16ª Feira do Livro de Lajeado na Praça da Matriz;

10h – Hora do conto – Destemperados Cia de Teatro no Palco Principal;

11h – Esquete de Sombras, Conto: “A Maior Flor do Mundo, Autor: José Saramago” com as alunas do Magistério do Castelinho – Auditório da Casa de Cultura;

14h – Cine Debate com os últimos anos do Ensino Médio, com a professora Rosiene, no Auditório do Sesc;

14h – Encontro com escritora Lélia Almeida “As personagens femininas em O Tempo e o Vento” – Auditório do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco;

14h30 – Hora do Conto “Maria na Janela” com Morgana Domênica Hattge Sesc Lajeado;

14h – Encontro com a Patrona Ivete Kist – Casa de Cultura:

19h15 – Encontro com escritora Lélia Almeida “As personagens femininas em O Tempo e o Vento” – Auditório do Colégio Estadual Presidente Castelo Branco.


Crédito: Divulgação

ENTREVISTA – Ndalu de Almeida, poeta e escritor angolano, popularmente conhecido como Ondjaki, estará no Teatro da Univates nesta quinta-feira, 18, às 19h30. Ele venceu o Prêmio José Saramago em 2013

“Vejo que o Brasil precisa da cultura, dos artistas”

A Hora – O que o despertou para a literatura?

Ndalu de Almeida (Ondjaki) – Publiquei 25 livros. Comecei com 22 anos. O que me despertou foram os livros, os autores, contar histórias. Nasci em Luanda, capital de Angola. Uma cidade de muitas histórias, e de pessoas que crescem ao redor de histórias.

Escrevo sobre pessoas, histórias que podem ser reais, e também a partir da minha imaginação. Trabalho com literatura infantil e infanto-juvenil. Gosto muito porque creio que são as crianças que vão fazer o futuro dos livros, do país.

Qual será o tema da conversa na Univates na quinta-feira?

Ondjaki – Vamos falar da escrita angolana, da literatura, dos processos de criatividade que levam os escritores, ou pelo menos que me levam aos momentos de escrita. Creio que será uma conversa sobre literatura portuguesa em geral, porque também vou falar de Moçambique, Cabo Verde. A literatura angolana é caracterizada por boa poesia e uma prosa que normalmente se relaciona à história, porque Angola atravessou um período de guerra, e é normal que a literatura explique alguns desses períodos.

Qual é o conteúdo dos seus livros?

Ondjaki – Eu não tenho um tipo específico, mas quando escrevo para crianças, tento dialogar com um público que sonha, que está acostumado a usar iPad. Mas acredito que a literatura infantil não pode ser chata, e deve estar perto da preocupação das crianças de hoje, deve passar algum ensinamento. E eu também procuro aprender com elas.

É a primeira vez que vem à região? Como vê a feira do livro de Lajeado?

Ondjaki – Já vim para o Rio Grande do Sul, mas é a primeira vez em Lajeado. Acho a feira muito importante. É não só uma oportunidade dos leitores conhecerem os escritores, mas também um grande centro de debate cultural. E vejo que o Brasil precisa da cultura, dos artistas. A cultura brasileira é muito vasta e muito forte, tem se expandido pelo mundo, mas tem sofrido com o governo.


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