“A escrita é, sem dúvidas, a coisa mais complicada e mais gratificante que eu já fiz”

ABRE ASPAS

“A escrita é, sem dúvidas, a coisa mais complicada e mais gratificante que eu já fiz”

Artista plástico e escritor, o lajeadense Silvio Farias, 62, foi empossado ontem na Academia Literária do Vale do Taquari (Alivat). O convite foi feito depois da publicação do livro “Porque os Olhos Não Envelhecem”, que conta a história de um antigo agricultor italiano de 77 anos que volta à terra natal para relembrar a infância. Ele acredita que o menino que foi um dia pode estar na única parte do seu corpo que não envelheceu: os olhos.

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“A escrita é, sem dúvidas, a coisa mais complicada e mais gratificante que eu já fiz”
Crédito: Bibiana Faleiro/Arquivo
Vale do Taquari
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Como surgiu esse desejo de escrever literatura?

Eu tinha esse livro em mente desde os 23 anos. Eu trabalhava de chapeador em uma oficina e estudava à noite. Nos fins de semana pintava quadros e a gente tinha formado com os amigos um grupo de teatro onde eu mesmo escrevia as peças.

Então eu ficava criando essas histórias, e tive a ideia dessa do livro. Percebi que ela era especial, diferente e bem melhor do que todas as outras, e decidi que eu teria ela num livro um dia. Só que eu não me sentia preparado para escrever sobre um idoso tendo na época 23 anos. Então fazia anotações para não esquecer.

Contava para os amigos, falava dessa história e durante todos esses anos eu fiquei aprimorando ela, e tentando entender cada vez mais o personagem principal. Em 2004 comecei a escrever a história, mas nessa época passei por um problema familiar e interrompi, voltando a escrever em 2016, com 56 anos.

De onde veio essa motivação?

Muito mais do que querer escrever, eu sentia como se fosse uma missão, algo que eu deveria fazer, já que aquela ideia era muito original e eu considerava muito bonita para ser esquecida. Eu tinha comigo mesmo esse compromisso.

Foi uma experiência única, meio surreal. E agora quando eu ouço o comentário das pessoas, vejo que consegui passar todo esse compromisso, essa emoção que eu sentia. Está sendo muito bonita a resposta das pessoas. Às vezes quando termino de escrever, tenho a sensação de que nem fui eu que fiz. A gente acaba se autoconhecendo através da escrita.

Já tem nos planos um novo livro para produzir?

Sim. Quando eu escrevi esse, não pensava muito em escrever outro. Mas a reação das pessoas foi tão boa. E eu mesmo, a mente começou a viajar, e acaba que tenho sim outros planos, talvez até uma continuação desse livro ou então uma história completamente diferente.

Eu gostaria de escrever um manual de pintura baseado nas experiências dos meus alunos, nas dificuldades que cada um enfrenta, um manual dedicado para pessoas que estão aprendendo a pintar

Como tem sido essa experiência de ser escritor?

Eu já tinha feito de tudo um pouco na vida. Teatro, pintura, escultura, mas a escrita é, sem dúvidas, a coisa mais complicada e mais gratificante que eu já fiz.

Como se deu o seu ingresso na Alivat e como se sente?

Foi uma completa surpresa. Quando eu me imagino, hoje, participando do grupo, fico lembrando de quando era criança. Eu estudava e não tinha o livro, a pasta, o uniforme, então essas são as reviravoltas que a vida faz com a gente.


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