Na minha época que era bom

Opinião

Filipe Faleiro

Filipe Faleiro

Jornalista

Na minha época que era bom

Por

Vale do Taquari

Concordo contigo, Bel: “o passado é uma roupa que não nos serve mais”. Ainda assim, temos uma característica de relembrar acontecimentos, experiências, fatos, correntes políticas, ideológicas e movimentos culturais, comparando-os com os dias que se passam.

Muito comum ouvir a expressão: “na minha época que era bom”. Por vezes é mesmo uma memória afetiva, daquele tempo que não volta mais. Aquela nostalgia de um dia ter sido jovem. Em outras, trata-se de uma simplificação frente às mudanças sociais. Para diminuir as preferências, gostos e comportamentos das gerações que chegaram.

Crédito: Divulgação

Para estes, não tenho muita paciência e respondo de forma mais taxativa. Na verdade no teu tempo era mais simples. Hoje apenas não consegue entender a complexidade dos novos tempos. Então, é mais fácil se apegar ao saudosismo.

No outro caso, conversava com um amigo sobre as brincadeiras das crianças de hoje. “Elas só passam no celular, no computador. Eu só ficava na rua, brincava de carrinho de rolimã, empinava pipa. Minha mãe tinha de me chamar para entrar em casa. Hoje temos de mandar a gurizada para rua e eles não sabem o que fazer.”

Bom, vamos mais afundo nessas afirmações. Perguntei: “você já ensinou elas a brincar com isso? Fez uma pipa com os filhos? Montou um carrinho de lomba?” Ele pensou. Revisitou os próprios atos e concordou.

De fato, chega do trabalho, vai para frente do celular, olha vídeos de humor, acompanha canais de política e de música. Depois liga no Netflix, vai olhar uma série, um filme. Essa é a referência para os filhos. Queremos que saiam da frente das telas, mas fazemos o mesmo. Nossos atos dizem muito mais do que nossas palavras.


Aprender e brincar

A tese de doutorado da professora Maria Elisabete Bersch abordou o conceito de gamificação nos processos de ensino. Esse nome estranho pode ser explicado pelo uso de elementos e técnica dos jogos (eletrônicos ou analógicos) para prender a atenção dos alunos, assim aumentar a participação deles e o interesse pelas aulas.

Em uma das dinâmicas, ela perguntou quais os jogos que eles gostam. A resposta foi para os eletrônicos. Tanto no computador, no celular ou nos consoles. Em seguida, outro questionamento. Se tivessem dinheiro para comprar qualquer brinquedo ou jogo, o que gostariam? Aí veio a surpresa.

Gostariam de jogos analógicos, tais como o Banco Imobiliário, jogos de tabuleiro e tantos outros que fizeram parte da infância dos pais e tios. Muitos desses estudantes são filhos únicos. Não tem com quem brincar. Em parte isso ajuda a explicar o porquê de tanta imersão nas telas.


Especialista ou generalista?

Ter um diploma superior não é garantia de perenidade e sucesso profissional. A dinâmica atual exige profissionais em constante aperfeiçoamento. Estudar e trabalhar andam lado a lado. Um artigo publicado pelo MIT Technology Review Brasil, escrito pelo professor Andrea Iorio, aprofunda esses aspectos.

Sem dúvida, a base permanece fundamental. Ter conhecimentos específicos ajuda. Agora, pela velocidade das transformações, pela imersão tecnológica e a diversidade de novos saberes, ter capacidade de aliar o aprender com o aplicar sobre técnicas mais generalistas é mais do que necessário, é uma exigência para continuar relevante seja em qual for a área de atuação.

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