Quando o ódio sai do mundo virtual para o real

Opinião

Elisabete Barreto Müller

Elisabete Barreto Müller

Professora universitária e delegada aposentada

Quando o ódio sai do mundo virtual para o real

Por

Atualizado sábado,
16 de Julho de 2022 às 11:44

Lajeado

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública/2022 apresentou dados alarmantes sobre a violência no Brasil. Segundo o infográfico divulgado, o nosso país tem 2,7% dos habitantes do planeta e 20,4% dos homicídios.
Somente nas últimas semanas foram veiculadas várias notícias sobre lamentáveis casos de violência, os quais não podemos naturalizar.

Um dos mais impactantes fatos violentos e de grande repercussão foi a morte de um petista na sua festa de aniversário. O tema da comemoração era o Partido dos Trabalhadores. O crime aconteceu em Foz do Iguaçu/PR.

As primeiras informações apontam que o autor teria dito a seguinte frase no local: “Aqui é Bolsonaro”. Mesmo que muitos pontos devam ser esclarecidos, é certo que dizer o nome de um político na cena do crime é algo que nos leva a crer que a motivação possa ser intolerância política. Se foi isso mesmo que aconteceu, às vésperas de uma eleição, além do ataque ao bem jurídico mais importante que é a vida, também é um enorme risco à democracia. O ódio contagia, tem perigosos tentáculos e esses atos podem se proliferar se não forem contidos.

E quanto a nós? O que eu e você temos a ver com um episódio como este de Foz do Iguaçu? Vamos refletir conjuntamente? Respeitamos os que pensam diferente de nós ou achamos que devam ser metralhados, banidos, torturados, perseguidos?

Como encaramos os adversários políticos? As divergências são no campo das ideias ou os consideramos nossos inimigos? Quando nos manifestamos nas redes sociais, exercemos nosso direito de liberdade de expressão, agindo com civilidade, ou ofendemos, destilamos ódio?

Quando sabemos de uma morte como essa, nos compadecemos com a dor dos familiares ou tentamos achar defeitos na vítima e culpá-la pelo acontecido?

Achamos que nós somos do bem e os outros são do mal?

Se quem me lê agora está me ofendendo, certamente, é alguém que faz parte do problema e tem tudo a ver com o ódio que está saindo do mundo virtual para o real.

Se estimula o ódio e prega o uso da força e de armas para solucionar conflitos, se quer vingança, sim, suas ações se relacionam com o triste episódio de Foz do Iguaçu e com tantos outros.

Agora, se conseguiu ler este texto e refletir sobre a violência, estamos juntos no compromisso com a democracia e com a vida, e temos o dever de rechaçar discursos de ódio antes que seja tarde demais. Que a barbárie não prossiga!


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