Boas histórias cruzando a esquina

Opinião

Júlia Amaral

Júlia Amaral

Jornalista

Colunista do Caderno Você

Boas histórias cruzando a esquina

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Atualizado segunda-feira,
11 de Julho de 2022 às 16:07

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Nasci e cresci em Estrela. Sempre morei na mesma casa, no bairro das Indústrias. Quando comecei a trabalhar, aos 16, as vindas para Lajeado se tornaram frequentes. Há 5 anos, com a faculdade, passei a cruzar a ponte Estrela/Lajeado praticamente todo dia. Conheço outras cidades do Vale pelas amizades que fiz e oportunidades de trabalho. E achava que conhecia demais.

Desde que cheguei na redação do jornal, há cinco meses, percebo que estava errada. Eu sei pouco sobre o lugar onde vivo desde sempre. Passei desatenta por muitos lugares, querendo encontrar uma boa história que estava ali, cruzando a esquina. Agora, percebo que existem pequenos mundos dentro de cada bairro que dificilmente escapam para o grande público, mas que são fascinantes. Deveriam ganhar as páginas dos jornais.

Na matéria principal deste final de semana temos um bom exemplo: o projeto de dança em cadeira de rodas da Adefil. Talvez seja vergonhoso afirmar, mas eu não conhecia a Associação De Deficientes Físicos De Lajeado. Foi a Bibiana quem me apresentou. Lá, todo sábado, pessoas que poderiam se deixar cair na lamentação sentam em suas cadeiras de roda e deixam o corpo bailar, seguindo as coreografias da professora.
Na Adefil, amizades são construídas, artesanatos são produzidos e a vontade de viver é recuperada, pouquinho a pouquinho.

“É um exercício para o corpo e para a mente”, disse o senhor José Astor para mim e para Bibiana durante uma entrevista. Seu José teve um AVC e perdeu parte de seus movimentos. Vocês vão conhecer a história dele logo mais. Assim como ele, a Tânia encontra o equilíbrio naquele salão no bairro São Cristóvão.

Dia desses vi Rita von Hunty, drag queen criada pelo professor Guilherme Terreri Lima Pereira, comentar em um programa de televisão que “todo cidadão mora em um município”. O contexto da conversa era outro, mas a afirmação cabe no que quero dizer aqui. O interesse pela vida deveria começar nas redondezas. Às vezes, procuramos tão longe o que, na verdade, está há menos de 20km de distância.

Histórias bonitas (e as feias também, não?) acontecem aqui e não apenas lá. É claro que hoje a profissão me exige essa atenção, mas descobrir o encantamento que tanto passam despercebidas tem feito eu me sentir parte de algo maior, mesmo que pequena.

Boa leitura!


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