Manter resultados positivos passa pelo conhecimento

FORÇA DO COOPERATIVISMO

Manter resultados positivos passa pelo conhecimento

Nos 100 anos do cooperativismo, dirigentes apontam caminhos para sustentabilidade do sistema. Na região, as 18 organizações com o modelo associativo contabilizam crescimento de 23,5% no faturamento em um ano

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Manter resultados positivos passa pelo conhecimento
Programa da Sicredi Ouro Branco, de Teutônia, incentiva o desenvolvimento de cooperativas escolares. Crédito: Divulgação
Vale do Taquari

A profissionalização de gestores, funcionários e associados é a receita para consolidar o sistema cooperativo. A análise parte do presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do RS (Ocergs-Sescoop), Darci Hartmann, após um ano com crescimento de 23,5% no faturamento nas cooperativas da região.

“Temos resultados muito positivos. Abrimos vagas de trabalho em um período hostil. Temos muita alegria de que todos os setores cooperativos cresceram. Os novos desafios agora é estar preparado para uma sociedade e um mercado que muda muito rápido.”

Neste quadro de constante adaptação, Hartmann realça o comportamento das pessoas. De acordo com ele, o consumidor está mais exigente e estar preparado para esta demanda é uma necessidade das cooperativas.“Acreditamos na capacidade gerencial dos dirigentes. Eles estão preparados. Ainda assim, temos de avançar no processo de qualificação para todas as camadas das cooperativas”, afirma Hartmann.

A partir deste contexto, o ex-reitor da Univates, atual presidente da Fuvates (fundação comunitária, mantenedora da universidade), Ney Lazzari, enaltece o desenvolvimento econômico regional proporcionado pelas cooperativas. Na análise dele, o conceito de trabalho associativo faz parte do perfil sociedade do Vale. “O carro-chefe da região está neste tipo de iniciativa e organização social.”

Por esse motivo, destaca a proximidade da Univates com essas instituições. Como resultado, cita as parcerias fechadas. Conforme Lazzari, há duas semanas foi definido uma ação com a Certel para qualificação dos funcionários e de filhos dos associados.

No aspecto conhecimento e inovação, realça o trabalho no Tecnovates. Por meio de projetos desenvolvidos junto com a Cooperativa Languiru, dos 21 novos produtos lançados, 19 foram na incubadora tecnológica, diz Lazzari.

Este sábado, 2 de julho, marca os 100 anos do Dia Internacional do Cooperativismo. A data criada pelas Nações Unidas (ONU) tem por objetivo aumentar a conscientização sobre o formato associativo e promover as ideias do movimento de solidariedade internacional, eficiência econômica e da busca por igualdade.

Cooperação dentro da escola

A complexidade das relações sociais e das dinâmicas produtivas corroboram para a necessidade de atuações coletivas. Do conceito de competitividade, emerge o entendimento de que a cooperação proporciona um futuro com mais sustentabilidade.

Como forma de disseminar esse conhecimento, uma das iniciativas de destaque na região é o Programa de Cooperativas Escolares. Na Sicredi Ouro Branco de Teutônia, essa iniciativa ocorre desde 1997.

De acordo com a atual coordenadora, Daniela Gabriel Diehl, o formato começa com a organização dos alunos. A partir disso, formam associações com finalidade educativa, em que podem desenvolver projetos econômicos, sociais e culturais. “Os alunos se tornam protagonistas. São acompanhados por orientadores, mas as ações partem deles”, diz.

Conforme Daniela, o objetivo geral é oportunizar aos jovens uma formação que contribua com o desenvolvimento de futuros líderes, gestores, empreendedores e cidadãos com senso de responsabilidade e participação, por meio da vivência de um modelo de cooperativismo sustentável.

Hoje o programa está em Estrela, Teutônia, Poço das Antas, Montenegro e Nova Santa Rita. São 33 cooperativas escolares, das quais 26 fundadas e 7 em processo de oficialização. Neste montante, a estimativa é de pelo menos 1,3 mil estudantes do Fundamental e Médio participantes.

Momento de expansão

O resultado positivo consolidado no Vale permite as organizações ampliarem negócios para outras regiões. No ramo do crédito, as cooperativas avançam na expansão em Minas Gerais. Além de novas agências, o desafio de disseminar o sistema cooperativista.

Nessa trajetória, a Sicredi Integração RS/MG prepara a abertura da nona unidade de atendimento em solo mineiro e celebra a marca de 70 mil associados. De acordo com o presidente Adilson Metz, em recente intercâmbio ficou evidente o interesse de quem ainda não conhece o modelo cooperativo em ingressar no negócio.

“Onde tem cooperativa os recursos circulam e promovem o desenvolvimento das famílias daquele local”, reitera Metz. Ele faz referência também a países onde se desperta a inovação a partir da escassez. “Precisamos nos dar conta de que o Vale tem de tudo e não precisamos chegar a um momento de crise para criar algo.”

Outro movimento de expansão parte da Sicredi Ouro Branco, com sede administrativa em Teutônia. A região escolhida como nova área de atuação é Ipatinga, no Vale do Aço. A cidade distante 217 quilômetros da capital Belo Horizonte é conhecida pela forte atuação no segmento industrial e setor de serviços, com polos de ensino e atendimento à saúde.

Até 2026, a meta é instalar dez agências e marcar presença em oito municípios mineiros. De acordo com o presidente da regional, Neori Ernani Abel, o projeto se viabiliza diante das projeções de retomada econômica e maiores flexibilizações desde o início da pandemia.

Segurança na produção de alimentos

O setor agropecuário impulsionou o desempenho positivo das cooperativas gaúchas em 2021. O faturamento recorde também é registrado na região e além de expor a força econômica contribui na segurança alimentar. “Mesmo com as adversidades, o campo não parou de produzir. Por isso, encorajamos cada vez mais o produtor, pois sabemos que o mundo precisa se alimentar”, destaca o presidente da Arla, Orlando Stein.

Junto da motivação pela produtividade, Stein exalta a importância de investimentos e qualificação das propriedades. A própria organização foi reestruturada e passou a ser cooperativa em 2017. Hoje a Arla conta com mais de 2,7 mil associados e prioriza os treinamentos dos produtores.

Com a característica de ser uma região voltada à produção de alimentos, a industrialização também coloca o Vale em destaque. As cooperativas Dália e Languiru mantêm investimentos para diversificar o portfólio de produtos e atender novos mercados. Com isso, aumenta a confiança do associado em seguir com a atividade no campo.

De acordo com o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, o sistema cooperativo tem a função principal de gerar resultados. “Não visamos lucro, as sobras são distribuídas entre os cooperados e esses valores permanecem na região, diferente de outros modelos de negócios.”

Ainda de acordo com Bayer, em localidades onde há cooperativismo o índice de desenvolvimento humano é maior. “A nossa região tem esta característica e pelo menos 80% da população é vinculada em alguma cooperativa.” Na avaliação do presidente da Dália, Gilberto Piccinini, as famílias mudaram seu jeito de viver. “Mesmo com a pandemia e todos os impactos conseguimos crescer e manter o desenvolvimento da região”, observa.

Piccinini elenca a implantação da unidade de aves e novos destinos de produtos para fora do país. Esse desempenho possibilitou à cooperativa ampliar o número de trabalhadores e recursos distribuídos para iniciativas sociais. Os programas nas áreas da cultura, educação, esporte, lazer e saúde somam mais de R$ 3,5 milhões.

Centenário do cooperativismo

Em alusão ao 100º Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado neste sábado, 2, o programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102.9 reuniu 11 dirigentes de entidades. A atração transmitida nessa sexta-feira na sede da Sicredi Integração RS/MG, em Lajeado, abordou os avanços e desafios do modelo econômico. Os líderes das organizações locais evidenciaram o desempenho positivo por meio da profissionalização e qualificação das cooperativas. Para manter esse protagonismo apostam em ações e iniciativas de contexto social.

Rádio A Hora transmitiu programa especial sobre a força do cooperativismo no Vale. Crédito: Felipe Neitzke


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