O médico que mudou milhares de vidas

30 anos da fundef

O médico que mudou milhares de vidas

No dia em que a Fundação para Reabilitação das Deformidades Crânio-Faciais (Fundef) completa 30 anos, Wilson Dewes celebra o sucesso de uma instituição que nasceu pela mãos de voluntários e já atendeu mais 11 mil crianças e adultos

Por

O médico que mudou milhares de vidas
Wilson Dewes foi o fundador da entidade diz que a maior recompensa do serviço é ver o sorriso no rosto das crianças (Foto: Renata Lohmann)
Lajeado

Devolver sorrisos ao rosto de crianças foi o que motivou o médico Wilson Dewes, 82, a criar um serviço especializado em atendimento de deformidades crânio-faciais em Lajeado. Na época, voluntários e empresários também se engajaram na causa e colaboraram para o sucesso da entidade que completa 30 anos neste sábado, 16.

A trajetória de Dewes foi exemplo dentro e fora do estado, e outros municípios tentaram criar um serviço semelhante, mas não tiveram êxito. O médico diz que em Lajeado, a Fundef foi um milagre. A boa localização do município e a receptividade por parte da comunidade colaboraram e, hoje, já são 11,7 mil atendimentos de pacientes com fissuras lábio palatinas e deficiências auditivas.

O início de uma trajetória

Antes de entrar para a medicina, Dewes trabalhava em um banco desde os 14 anos. Aos 17, em uma conversa com um psicólogo, percebeu uma inclinação para a área da saúde, e decidiu arriscar. Depois de um ano de curso preparatório, entrou na faculdade.

Em meio aos estudos, passou por um procedimento estético, uma plástica no nariz. Interessado pela áreas, se especializou em cirurgias plásticas e otorrinolaringologia. Já formado, começou a operar narizes e crianças que nasciam com deformidades lábio palatinas.

“Nesta época, concluí que a correção dos defeitos era muito complexa, e que eu tinha que montar uma equipe grande. Então eu parti para o apoio do hospital para a criação de um serviço que atendesse essas crianças”, conta Dewes. Assim, em 16 de outubro de 1991, ele fez surgir a Fundef em Lajeado.

De acordo com o profissional, para se dedicar à causa, é preciso um desprendimento, em especial ao retorno financeiro, já que a maior parte dos pacientes não possuem condições de pagar as consultas.

Na época, a entidade ainda não tinha convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), e tudo era custeado pelos pacientes. Diante da realidade, os médicos e voluntários procuravam alternativas para tornar o serviço viável.

“O hospital foi decisivo neste momento, porque nos deu espaço para trabalhar, e pouco a pouco a gente foi fazendo a entidade crescer”, relata Dewes. A especialidade também precisava de muitos profissionais para o serviço, para os ambulatórios, atendimento das crianças, terapias, serviços odontológico e enfermagem.

De acordo com Dewes, o grande salto para o desenvolvimento da entidade foi quando o Ministério da Saúde credenciou a Fundef para atendimento das crianças portadoras de deformidades crânio-faciais e a entidade passou a receber apoio de outras instituições, empresas e organizações.

“O apoio logístico desses voluntários e empresários, permitiu que os médicos e profissionais da área da saúde pudessem se dedicar à parte técnica do serviço”, destaca Dewes. Mais tarde, a instituição também passou a atender pessoas com deficiências auditivas.

Hoje, os atendimentos são feitos pelo SUS. Dewes diz que a maior recompensa, no entanto, é ver uma criança que possuía uma deformidade crânio-facial sorrir outra vez. “Só quem trabalha com isso sente, esse é o milagre da entidade”.

O sonho de um hospital

Por ter um atendimento diferenciado, Dewes e a equipe criaram o projeto de um hospital especializado, que, em 2014, não saiu do papel por divergências no Plano Diretor. A ideia voltou a ser discutida entre a administração nos últimos anos, e hoje já há uma área cedida pela prefeitura para a construção, no bairro Bom Pastor. Em processo de legalização, o próximo passo é conseguir verba para a obra.

“Esperamos ter o hospital pronto em dois ou três anos. Isso é inusitado e importante para Lajeado. Restaurar sorrisos na face das crianças é uma coisa muito bonita”, destaca o médico.

Dewes ainda ressalta que, a cada 650 nascimentos, uma criança apresenta algum tipo de deformidade crânio-facial e os números dão ainda mais sentido para o trabalho da entidade na região.

Entrevista

Na manhã deste sábado (16), Wilson Dewes concedeu uma entrevista ao programa A Hora Bom Dia da Rádio A Hora 102.9, onde falou sobre a trajetória da entidade, da criação até hoje. Confira a entrevista na íntegra:

Acompanhe
nossas
redes sociais