“O tempo que o desenho exige me  permite desfrutar melhor o momento”

ABRE ASPAS

“O tempo que o desenho exige me permite desfrutar melhor o momento”

Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univates desde 2016, Fernanda Antonio, 36, une diversas paixões em seus passeios ciclísticos pelo Vale do Taquari e no interior de Santa Cruz do Sul. Além de usar a fotografia como recurso, a arquiteta transforma sua admiração por edificações históricas em desenhos

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“O tempo que o desenho exige me  permite desfrutar melhor o momento”
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Você uniu sua paixão por edificações antigas com o turismo sobre duas rodas. Como tem sido essa experiência?

Eu voltei a pedalar quando conclui o mestrado. E minha motivação, enquanto arquiteta, era visitar novos lugares, e conhecer a região. Muitos passeios que antes eu fazia de carro, passei a fazer pedalando. A bicicleta me permitiu isso, tanto em Santa Cruz do Sul quanto em Lajeado e nas cidades vizinhas. É um meio de locomoção que me permite apreciar, contemplar e interagir de forma mais tranquila e efetiva com as paisagens e lugares por onde passo.

Como você enxerga essa busca pela preservação arquitetônica?

É fundamental preservar essa arquitetura mais tradicional, pois ela conta a história do lugar, confere identidade e autenticidade, carrega muitas características culturais dos imigrantes que deram origem à região. Essas edificações, por todo valor histórico e cultural nelas contido, também potencializam o desenvolvimento do turismo, e justamente por isso é preciso criar mais mecanismos que possam viabilizar sua preservação. O benefício de preservá-las é coletivo. É preciso o engajamento de diversos atores nessa causa. A Univates tem o projeto Patrimônio Vivo, que desenvolve diferentes ações para que esse patrimônio seja reconhecido e valorizado. Outro exemplo muito legal é o Museu do Pão, em Ilópolis, que trouxe visibilidade internacional para a região, impulsionando o turismo e o desenvolvimento local.

Ao invés apenas de parar e tirar fotos, você prefere desenhar as edificações. Por quê?

Eu adoro fotografar, mas o tempo da fotografia é muito rápido, e nem sempre eu observo em detalhe o que estou registrando. Com o tempo, passei a levar um bloquinho, canetas e aquarela comigo quando saio para pedalar sozinha. Quando encontro uma edificação antiga que me chame a atenção, faço um desenho dela. É uma forma de contemplar mais demoradamente o lugar, a arquitetura, o cenário como um todo. Observo a paisagem do entorno, as pessoas e sua movimentação, me conecto mais ao lugar. Além disso, essa é uma maneira de reunir vários hobbies em um só momento, de forma lúdica.

Qual a diferença entre desenhar e fotografar uma edificação?

Desenhar me força a observar proporções, detalhes, alinhamentos, coisas que não percebo tanto quando faço fotos de um mesmo local. Olho com muito mais atenção para desenhar uma edificação. Para mim, o importante não é fazer um desenho bonito, e sim me permitir ter o tempo de observar para reproduzir em desenho uma edificação, de forma autoral. O tempo que o desenho exige me permite desfrutar melhor o momento, com mais plenitude. São esses detalhes que tornam as experiências de fotografar e desenhar tão distintas.

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