Não é por aí, governador

Opinião

Ardêmio Heineck

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Não é por aí, governador

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Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Eduardo Leite, quando candidato, teve um discurso inovador na sua proposta de governo apresentada na campanha eleitoral. Decisivo para vencer seus opositores. Pude participar de um café da manhã com o candidato, em Lajeado. Tudo perfeito. Empatia, explanação confiável e conteúdo consistente quanta a propostas e intenções. Tudo o que sempre quis ouvir de um candidato. A ponto de aplaudi-lo de pé, com base na minha vivência como cidadão e como economista. Redução de impostos, programas de governo baseados na inovação, folha de pagamento do funcionalismo público em dia, investimentos em infraestrutura, privatizações tornando o Estado menor, continuidade das reformas estruturais iniciadas por Sartori, etc. Enfim, um Nirvana para o nosso Estado que não pára de despencar no contexto nacional.

Só que, enquanto seu governo avança não é isto que se vê. A todo o momento o discurso de campanha é rasgado com ações transmitidas em intermináveis lives que perpassam dissociação da realidade e perseguição de projeto político pessoal. Nada a ver com seu partido, que tem ótimos nomes em seus quadros e que já prestou inestimáveis serviços ao estado e ao país.

O RS piora seus indicadores. Foi o segundo estado que mais perdeu empregos em 2020: 20.220 postos de trabalho, enquanto Santa Catarina gerou mais 53.050 empregos. Estudo do Banco Mundial recebido da Federasul nos coloca na 22ª posição em ambiente de negócios no país. Lá na rabeira. Afora termos os piores indicadores na onda de verão da pandemia, apesar de um Programa de Distanciamento Social, elaborado por um amigo do governador, Reitor da UFPEL, desprovido de bom senso e de visão de realidade. Restou-nos o crescimento do PIB, puxado pelo Agro, como sempre.

Pois nesta semana Sua Excelência nos surpreende com mais duas pérolas. Uma, equivocadamente chamada de Reforma Tributária, pois de reforma nada tem. Apenas um arremedo visando elevação de tributos, para compensar a perda com a queda de alíquotas do ICMS básico, prevista no final do ano. Aliás, majoração que deveria ter vigido apenas até o final do Governo Sartori, mas que Eduardo Leite pediu prorrogação por dois anos, prometendo, então, suprimi-la. Já contrário ao seu discurso de campanha, no qual ela caracterizava as mazelas do RS como uma mera questão de gerenciamento do fluxo de caixa. Este novo encaminhamento de “Reforma Tributária” é sua “enésima” tentativa junto à Assembléia Legislativa. Ano passado foi derrotado sempre, até que o PT, num devaneio, permitiu a manutenção até final deste ano.

Estamos emergindo do longo inverno chinês da pandemia, lambendo as feridas, vendo como sobreviver. Qualquer reforma tributária deveria ser para reduzir impostos e aumentar a arrecadação via aumento da atividade produtiva. E redução de despesas via redução do tamanho do Estado. Confiamos nos bons deputados que compõem nossa Assembleia Legislativa para que tal iniciativa não progrida.

A outra proposta descabida, da qual nos ocuparemos futuramente: o Plano de Concessões de Rodovias, anunciado quinta, prometendo bilhões em investimentos, de novo às custas do contribuinte usuário, mas sem tê-lo ouvido, nem as comunidades em que vive. Foi gestado por meses no BNDES – num gasto inútil – para ser imposto de cima para baixo. Começou pelo telhado e não pelo alicerce, que seria a discussão prévia com as regiões lindeiras às rodovias a serem incluídas.

Temos que ter uma forte unidade regional para não sermos engolidos, firmando-nos nos pontos bons e inarredáveis para a região. Senão, o mico fica conosco por trinta anos, enquanto Eduardo Leite, já de costas para nossos problemas, segue ferrenhamente em seus projetos pessoais.

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