Soberania alimentar em risco

Editorial

Soberania alimentar em risco

Soberania alimentar em risco
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Estão nas mãos do presidente da República mudanças importantes em programas de apoio à agricultura familiar, inclusive o Pronaf. Após tramitar no Congresso Nacional, a Lei Orçamentária Anual vai para a sanção de Jair Bolsonaro com cerca de R$ 2 bilhões a menos de investimentos no setor em relação ao texto original. Trata-se de um corte expressivo em um dos segmentos mais estratégicos para a nação.

Não apenas pela sua importância econômica mas ao que diz respeito à segurança alimentar. Mesmo com menos recursos e menor área de produção, a agricultura familiar é responsável por cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa da população. Em tempos em que o fantasma da fome volta a assombrar a sociedade brasileira, a produção camponesa ganha ainda mais relevância.

Junto com o corte orçamentário, o enfraquecimento de outras políticas de apoio ao setor preocupa o movimento sindical de trabalhadores rurais, que inclusive no Vale do Taquari organizam manifestações para pressionar o governo federal a não aceitar as mudanças propostas no Legislativo.

Importante destacar que o Pronaf mudou a vida no campo por meio de financiamentos para os agricultores familiares em todo o país. Com linhas de crédito para o custeio de lavouras, investimentos em novas tecnologias de produção e melhorias nas residências, os recursos são fundamentais para manter o estímulo a quem produz comida de qualidade.

Dados do Banco Central mostram que, nos 38 municípios da região, os contratos efetivados entre junho de 2019 ao mesmo mês de 2020 resultaram em mais de R$ 335 milhões nas contas dos produtores locais. Na análise de líderes do setor, sem um programa de incentivo, muitos agricultores não teriam capital de giro para se manter na atividade.

Claro que não se pode desconsiderar o contexto de crise econômica, a penúria das contas públicas e a necessidade de controle de gastos. Contudo, ao se tratar de um segmento vital para a soberania alimentar, justamente no momento em que falta comida no prato de cerca de 19 milhões de brasileiros, manter investimentos é questão de sobrevivência.

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