Um doce de família

Comportamento

Um doce de família

Receita que passou de pai para filho marcou a história de diversas gerações de lajeadenses

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Um doce de família
Foto: Divulgação
Lajeado

A cozinha é o cenário de algumas das lembranças mais bonitas da infância de Gilmar Leipnitz, 74. Aprendeu com o pai o preparo dos doces e a paixão pela confeitaria, que levou como ofício para a vida toda.

Leipnitz nasceu em Cruzeiro do Sul, que na época pertencia à Lajeado. Depois de morar por um tempo em Guaporé, ainda criança retornou à capital do Vale do Taquari com a família. Em 1967, o pai, Edwino Leipnitz, abriu uma lancheria. Inaugurada na Rua Júlio May, no centro de Lajeado, produzia doces e salgados, e era uma novidade para o município na época, contam Leipnitz e a filha Carolina, 38.

Além do restaurante, a família também administrava um hotel. Mas foi pelos doces de sabor único que os Leipnitz conquistaram o carinho dos lajeadenses. A família trouxe para o Vale do Taquari uma das primeiras receitas de mil-folhas, um prato de origem francesa feito com massa folhada e recheio cremoso.

Ajudar o pai na produção dos mil-folhas e outros doces era parte da rotina de Leipnitz durante a infância e adolescência. “Ele costumava chamar cada dia um dos filhos para ajudar a derramar a água para fazer o pão de milho”, lembra.

No entanto, foi o único filho que seguiu os passos do pai e deu sequência ao negócio da família. “Herdei a profissão, a continuidade foi muito natural”. Herança que permitia à terceira geração da família Leipnitz também crescer em meio aos doces.

Uma doce memória

Carolina e o irmão Marcos, 36, também guardam com carinho as memórias de ajudar o pai na cozinha. Marcos, inclusive, também aprendeu a famosa receita dos mil-folhas, que marcou as lembranças de muitos lajeadenses.

Quem estudou no Colégio Madre Bárbara teve a infância e adolescência adoçadas pelas obras culinárias do famoso “Folha”, apelido de Gilmar. “É a quarta geração de estudantes do Colégio Madre Bárbara que atendemos”, conta Carolina.

Os filhos de Leipnitz seguiram caminhos diferentes do pai, mas herdaram o carinho pela cozinha. “A padaria funcionava 24 horas. Eu e o Marcos fomos criados neste espaço. Para mim, cozinhar virou um ato de afeto. Se cozinho para ti, é porque gosto de ti. Não cozinho por obrigação, é por carinho e cuidado,” conta Carolina.

Para os irmãos, o grande legado dos Leipnitz é ter participado de tantos momentos bonitos na vida de outras pessoas. Apesar de não seguirem na profissão do pai, orgulham-se da doce história da família. “Nosso mil-folhas é um prato de memória afetiva. Nos sentimos honrados em levar boas memórias para as pessoa”.

 

A Mil Folhas a domicílio

A Cantina do Folhinha, dentro do Colégio Madre Barbara, está com as atividades suspensas, mas o “Folha” continua adoçando a vida dos clientes e amigos por encomenda.

Conforme Carolina, a família produz alguns dos famosos doces, como mil-folhas, ferradura, pastel folhado e canoinha de coco, de forma esporádica, com datas divulgadas pelo Instagram.Os pedidos são feitos via WhatsApp.

A família ensina que o mil-folhas deve ser consumido fresco, para manter a crocância. A massa do doce é sensível à umidade, portanto, não deve ser refrigerada ou congelada.

Em fevereiro, Gilmar completa 75 anos e, para comemorar, preparou uma promoção. A cada 75 mil folhas vendidos, R$ 75 serão doados em ração para instituições de proteção animal, outra grande paixão da família Leipnitz.

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