Jogo político rasteiro começou

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Jogo político rasteiro começou

Por

Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Embora estejamos em plena pandemia, o jogo político ardiloso para desfazer o provável adversário nas eleições deste ano está a pleno vapor. As redes sociais são o local preferido por estes grupos organizados e sedentos pelo poder.

A sujeira não tem fronteiras. Mas é no Whatsapp que encontra o terreno mais favorável. Nos últimos dias, Lajeado e Estrela experimentam a aceleração desta prática, por parte daqueles que desejam chegar ou permanecer no poder de qualquer jeito.

O exemplo mais esdrúxulo se verifica em Estrela. Há menos de um ano, tudo parecia “flores”. Um grande grupo de partidos “mamava” nas benesses do acordão político ligado ao atual governo. A oposição foi reduzida a um ou dois vereadores, no máximo.

De repente, o mesmo grupo no poder se divide. Surgem assim três frentes distintas com pré-candidatos cada um. Pronto. O tiroteio está armado. O que antes era “elogiado”, agora virou alvo de denúncias e contradições, especialmente, nas redes sociais.
Vídeos e áudios se multiplicaram com boa dose de irresponsabilidade e tergiversações para criar narrativas favoráveis e desfavoráveis. No fim das contas, é o sujo falando do mal lavado.

Produzir inverdades, confundir a opinião pública, ardilosamente, ou fazer denúncias apenas quando convém, são táticas rasteiras comuns da velha política, antes propagadas nos bares ou esquinas, e agora na internet.

Este modelo prospera mais entre os fracos candidatos, sem propostas concretas para chegar ao poder. Então, é mais fácil desconstruir a imagem do adversário com mentiras e calúnias, ao apresentar soluções e projetos capazes de seduzirem o eleitor. A velha estratégia de desfazer o adversário é um caminho mais rápido.

Com a propagação da internet, as chamadas fake news dominam o cenário eleitoral no mundo virtual. Partidos contratam robôs para “minarem” o terreno alheio com desinformações, numa clara tentativa de desarticular e desacreditar o adversário.

Para o eleitor fica difícil decifrar a verdade da mentira. Surge daí, a necessidade de não compartilhar áudios, vídeos ou outros materiais sem conhecer a autoria ou veracidade.

Disseminar notícias falsas na internet sempre é perigoso. Cada vez mais, a Justiça tem julgado e condenado a prática, aplicando sentenças financeiras a quem causa danos por meio deste lamentável expediente.

Durante o painel Negócios em Pauta, do A Hora, nesta semana, a advogada e professora Thaís Muller discorreu sobre os riscos. Injúria, difamação ou falso testemunho são tipificações penais comuns de serem atribuídas a quem propaga conteúdo inapropriado, não importa o formato.

O fato de utilizar identidades falsas nas redes não garante impunidade. A tecnologia permite rastrear o IP da máquina ou do aparelho celular com certa facilidade. Assim, chega ao autor do envio das mensagens sem demora.

Enviar conteúdo comprometedor para um amigo, igualmente, tem um alto grau de risco. Se este reencaminhar a um terceiro, equivocada ou intencionalmente, o estrago é o mesmo. Por isso, todo cuidado é pouco, seja no Whatsapp ou em outras redes, aparentemente, mais discretas.


O reflexo na sociedade

Por conta do descrédito nos velhos métodos – ainda que em outras plataformas – e das desgastadas figuras políticas, a próxima eleição municipal tende a repetir ou até aumentar o fenômeno da renovação.
No Congresso Nacional houve troca histórica de parlamentares, em 2018. Quase 50% dos deputados e 85% dos senadores foram “para casa”.

Nos legislativos municipais, a renovação também será uma realidade nas eleições deste ano, ainda mais em cidades onde reina a intransigência, como é o caso de Lajeado, onde a maioria dos vereadores insiste em manter 43 assessores na câmara, e gastar R$ 5,4 milhões por ano com a casa.

Ocorre que em muitos municípios, os vereadores demoraram a “acordar”. Nem a pandemia sensibilizou. A maioria preferiu silenciar, acreditando que o tempo lhe favoreceria. Ledo engano.

A covid-19 fortaleceu o inconformismo com o sistema político atual. A população sente o baque na sua renda. Agora espera respostas sensatas de redução também nos gastos do sistema público. Quem não captou isso, certamente, ficará no meio do caminho.

Retomando o tema inicial, digo que sou um otimista. Se, de um lado, as redes sociais são o esgoto da comunicação, de outro, elas democratizam e ampliam o acesso. O desafio está na capacidade do eleitor separar o “joio do trigo”, para não ser enganado pelos espertinhos que prosperam no terreno da desinformação.
Aos veículos de comunicação profissionais cabe um papel importante: desmascarar as falsas notícias e estabelecer a informação séria e responsável.

Ao encontro disso, para ampliar a compreensão e senso crítico do cidadão, o Grupo A Hora inicia, no próximo dia 1º de julho, a série Debates A Hora – Política Cidadã.

Na estreia, o custo legislativo de Lajeado, em painel transmitido ao vivo pela Rádio A Hora, das 15h às 17h.
Afinal, o melhor antídoto para as fake news é o debate franco e aberto.

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