De Lajeado às quadras da Itália

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De Lajeado às quadras da Itália

De férias até o fim de julho, Rafinha Rizzi deu entrevista exclusiva para a Rádio A Hora 102,9 e passou a limpo a carreia, desde o início na Alaf até a consagração no Real Rietti. Com dupla cidadania, tem o sonho de jogar o Campeonato Mundial de Futsal em 2021

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De Lajeado às quadras da Itália
Crédito: Arquivo Pessoal
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Ser referência em um clube grande em país da Europa e ser sondado para defender a Seleção é o sonho de todo atleta de futebol quando inicia os trabalhos na escolinha, mas poucos conseguem realizar. Aos 26 anos, o lajeadense Rafael Rizzi, o “Rafinha” está indo para a quinta temporada seguida no futsal italiano e almeja disputar o Campeonato Mundial de Futsal, em 2021, na Lituânia. Desde 2015 na Itália, Rafinha completou nesta temporada 150 jogos com a camisa do Real Rietti, time que disputa a primeira divisão do campeonato.

A paixão pelo futsal iniciou na infância. Até os 11 anos fez parte de um projeto de futsal em Passo Fundo. Aos 12 anos, após se destacar na Escolinha do Clube Sete de Setembro foi convidado para ingressar nas categorias de base do Juventude. Como o clube da Serra não tinha alojamento, Rizzi ia somente na sexta-feira para Caxias do Sul, treinava no sábado e já ia para o jogo.

Aos 13 anos veio o convite do Grêmio onde ficou por cinco anos. No último ano de infantil se transferiu para o rival Internacional, onde permaneceu dois anos. Após o término do contrato ficou esperando o convite para atuar em algum outro clube. “Para não ficar parado fui treinar na Alaf e foi aí que tudo começou”, conta.

Crédito: Arquivo Pessoal

Início na Alaf

Nos período em que ficou treinando na Alaf, Rafinha chamou a atenção do técnico Sérgio Lacerda que fez uma proposta para jogar na equipe. No começo teve poucas oportunidades, mesmo assim não pensou em desistir. “Ficava triste pensando se estava fazendo a coisa certa. Se deveria voltar para o campo, mas continuei trabalhando e graças a Deus estou realizado. Olho para trás e vejo que naquela época não sabia nada (Risos).

Na equipe Lajeadense relembra de diversos momentos marcantes, mas o principal foi a disputa da Liga Nacional em 2015. “Foi o primeiro campeonato de alto nível. Enfrentei grandes jogadores que estavam na Seleção Brasileira e que só assistia pela televisão. Foi uma experiencia incrível.”

Ele destaca que a participação na Liga Nacional de Futsal colocou a Alaf em outro patamar e a tornou conhecida no mundo todo.

Dupla nacionalidade

O convite de jogar na Itália veio por meio do ex-colega Tiago Bortolon que por anos jogou na Itália e tinha um procurador que agenciava jogadores. Segundo Rizzi, em 2014, esse empresário ligou oferecendo a dupla cidadania e que depois de conseguir os documentos conseguiria um time para jogar na Itália.

Rizzi relata que a primeira proposta não foi do Real Rietti. “Teve uma proposta de um clube, mas não eles não tiveram paciência suficiente para esperar acabar meu contrato com a Alaf.” Depois disso veio a proposta do Real Rietti, que na época precisava de um atleta sub 23.

Adaptação ao país

Rafinha comenta que o início foi difícil, pois não conhecia o campeonato, clubes e atletas. “Cheguei no escuro.” Mas a adpatação foi rápida por causa do convívio com os outros atletas. O clube tinha outros sete brasileiros. “Deu tudo certo. No primeiro ano já fui campeão e chegamos na final do Campeonato Italiano, situação que não acontecia há dez anos.”

Sobre a cultura, Rafinha comenta que não teve dificuldades pois passou toda a infância com os avós que tinham descendência italiana. Para ele o principal entrave foi com a língua, mas que foi superado na segunda temporada. “Hoje falo italiano e escrevo muito bem.”

Sobre as diferenças no futsal ele cita que o práticado no Brasil é de velocidade e habilidade, enquanto que o jogado noa Itália é mais físico e tático. “O italiano é mais obediente.”

Seleção Italiana

Naturalizado Italiano, esteve muito perto de defender as cores da Seleção Italiana de Futsal. No ano em que seria convocado, o treinador saiu. Passada uma temporada vive a expectativa de ser novamente convocado para o Campeonato Mundial do próximo ano, na Lituânia. “Quero jogar na seleção, disputar um mundial, mas isso depende muito do meu rendimento no clube. Meu objetivo é jogar o mundial.”

Indagado se aceitaria um convite para defender a Seleção, ele é enfático. “A Itália abriu as portas para mim, me deu oportunidade de aparecer, foi um pais onde fui recebido muito bem, defenderia a seleção italiana sem menosprezar a brasileira.”

Parada em virtude da pandemia

Rizzi comenta que a pandemia do coronavírus atrapalhou o bom momento vivido pela equipe, pois estavam há 12 jogos sem perder no Campeonato Italiano e a estavam na semifinal da Copa da Itália. “Tinhamos um jogo a menos que os líderes e os confrontos diretos com eles, em nossa casa. A chance de conquistarmos algo era muito grande.”

O atleta conta que em um primeiro momento o campeonato foi paralisado e que haveria datas para terminar, mas com o avançar da doença, o Federação Italiana optou pelo cancelamento do torneio. “Ficou um sentimento de frustração, mas nessa hora temos que pensar na vida das pessoas e ajudar para que elas sejam salvas.

Rizzi ficou isolado em seu apartamento por dois meses e dez dias. Para passar tranquilidade aos amigos e familiares, conversava quase que diariamente. “Ficamos com bastante medo, mas o clube nos deu um suporte muito bom e foi tranquilo ficar isolado.”

O atleta relata que ficou assustado quando chegou ao Brasil e ver a maneira como a quarentena estava sendo respeitada. “Lá a gente não podia frequentar residência de amigos, de colegas de trabalho. Os trabalhos eram feitos sozinhos, em casa, mais para manter a forma física e precaver lesões.”

Ele fala que o povo italiano foi pego de surpresa, pois se espalhou muito rápido pelo país. “Achei que no Brasil não ia dar muito estrago pois o país decretou quarentena logo. Pensei que aqui seriam mínimos casos, depois percebi que lá respeitamos muito melhor do que no Brasil.”

Futuro

Desde 2015 no Real Rietti, Rizzi tinha contrato acabando na próxima temporada e após conversa com o presidente decidiram por renovar por mais três temporadas. “Sempre procurei seguir meus contratos, depois desses quatro anos vamos ver o que o futuro nos espera.”

Ele relata que durante o período que está na Itália recebeu inúmeras propostas para sair mas que optou por ficar na Itália. “Tive propostas boas e interesse de trocar, mas aqui somos profissionais e para poder sair só se eu fosse comprado ou emprestado.”

Outro fato que o faz permanecer na Itália é o fato do campeonato ser profissional e ser vinculado a Federação de Futebol de campo. Sobre um possível retorno para o Brasil, comenta que sonha em voltar a jogar no país e jogar a Liga Nacional. “Joguei apenas uma edição, então pretendo disputar mais vezes ela e ser campeão.”

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