Avô de 81 anos se rende às novas tecnologias para falar com netos

CRUZEIRO DO SUL

Avô de 81 anos se rende às novas tecnologias para falar com netos

Quarentena fez morador do interior de Cruzeiro do Sul aderir ao smartphone. Por meio de chamadas de vídeo, ele se comunica diariamente com filhas, netos e bisnetos

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Atualizado sábado,
23 de Maio de 2020 às 08:28

Avô de 81 anos se rende às novas tecnologias para falar com netos
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Aos 81 anos, Pedro Olbermann não imaginava que teria de aderir à tecnologia dos smartphones e seus aplicativos. Até alguns meses atrás, Olbermann defendia que estes aparelhos sequer deveriam ter sido inventados.

“Eu sempre fui contra. Quando você vai na cidade, não tem mais diálogo, cada um tem seu celular e as pessoas não se falam”, avalia.

Por ironia do destino, e da pandemia do coronavírus, o aparelho passou a servir justamente para facilitar seu diálogo com a família. Não tem um dia em que não receba uma chamada de vídeo do familiares.

Morador de Sampaio, em Cruzeiro do Sul, sua casa era o ponto de encontro das quatro filhas, sete netos e dois bisnetos. A família é grande, bastante unida e gosta de se encontrar aos fins de semana e datas festivas.

As filhas comparam então um aparelho e os netos e bisnetos o ensinaram a utilizar. “Tenho uma bisneta com 9 anos. Ele está me ensinando. E me xinga quando eu digo que quero sair, por causa do vírus.”

Rotina alterada

Aposentado, Olbermann trabalhou como vacinador, na inspetoria veterinária de Lajeado, órgão ligado ao governo estadual. Na função, andou por propriedades do interior da região e conheceu muita gente.

Em função da quarentena, a relação com os vizinhos teve de ser distanciada. “Nos falamos de longe, mas ninguém visita ninguém. Outro dia, morreu uma vizinha e não teve velório. No enterro, nenhum vizinho podia ir.”

Aprendizado rápido

A neta Graziela Mattje, moradora de Encantado, ficou surpresa com a rapidez do avô. Foi ela que passou as primeira lições. “Achei que ele teria mais dificuldade. Em duas semanas, conseguiu fazer quase tudo e já sabe básico do celular. Está muito interessado. Nos surpreendeu”, conta a neta.

Olbermann faz e recebe ligações sozinho. Para as chamadas de vídeo, conta com a ajuda da filha Soeli, que mora com ele. Ele comemora a evolução diária frente à tecnologia. “Quem não estuda, não aprende”, diz.

Vídeos engraçados e moças bonitas

O celular ajuda na comunicação, mas “toma muito tempo”, avalia o novo usuário. Olbermann conta que a distração preferida ao aparelho é ver moças bonitas. Os vídeos humorísticos, enviados pelo neto, também contam chamam sua atenção.

Passado, presente, futuro

“Lembro que quando eu era pequeno, quase nem tinha rádio. Depois a imagem das pessoas passou para dentro do rádio, veio a TV. Com o celular é a mesma coisa. Telefone era só nos comércios. Quando queria telefonar para Lajeado, tinha que ir lá e pedir uma ligação”, recorda.

Alfabetizado em alemão, Pedro só foi aprender a falar português fluente após os 20 anos de idade. Ele percebe que, entre as novas gerações, é menos comum o aprendizado da língua dos antepassados.

Em conversa por telefone com uma das netas. Se despediu em alemão e não foi compreendido. “Quando ia me despedir, em vez de dizer ‘tchau’ eu disse em alemão ‘auf wiedersehen’. Ela respondeu ‘sim, eu aviso a mãe’”, recorda Pedro às gargalhadas.

Com a experiência de quem se adaptou a tantas mudanças ao longo de oito décadas, Pedro Olbermann se questiona: “O que será que vai ser no futuro?”

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