Falta de fôlego com a Covid-19

Opinião

Thiago Maurique

Thiago Maurique

Jornalista

Coluna publicada no caderno Negócios em Pauta.

Falta de fôlego com a Covid-19

Por

Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O coronavírus transformou a nossa realidade para sempre. A crise que vivemos é inédita e exige reflexões em todos os aspectos da atividade humana. O setor empresarial se vê diante de uma encruzilhada. Ao mesmo tempo em que a maioria dos setores amarga uma queda de faturamento histórica, a sociedade pressiona por ações de solidariedade e de preservação da saúde pública.

O zeigeist é o #fiqueemcasa, por mais que alguns grupos tentem pressionar o retorno à normalidade. O próprio conceito de normalidade mudou. É ilusão pensar que a abertura imediata do comércio vai amenizar
os prejuízos. Quantas pessoas estariam dispostas a sair de casa para comprar roupas, calçados e acessórios
diante de uma ameaça invisível que ainda faz milhares de vítimas pelo mundo afora? É difícil dizer quando
serão retomados os eventos, bares, pubs e festas noturnas. Mesmo quando tudo estiver liberado, as precauções com a higienização de superfícies, objetos e mãos continuarão no imaginário.

Se o que vai acontecer após o coronavírus é imprevisível, algumas coisas já podem ser adiantadas. Pela primeira vez temos uma experiência mais expressiva de home office nos mais diferentes setores, o que pode
adiantar uma tendência que já fazia parte de setores da TI.

As grandes empresas de tecnologia terão um mapeamento completo do nosso comportamento durante
situações de isolamento. É a primeira vez na história que tantas pessoas ficam em quarentena ao mesmo
tempo, gerando uma enormidade de dados que serão processados por algorítimos de inteligência artificial. O
crescimento do delivery é outra tendência que veio para ficar.

Para mim, de todas as percepções e tendências para empreendedorismo pós-covid, a principal é a necessidade de repensar a educação financeira. É assustador perceber que, após uma semana sem faturamento ou salário, pessoas e empresas se encontravam totalmente sem dinheiro.

Criar uma reserva para no mínimo três meses é uma premissa básica, que precisa ser levada a sério. Caso contrário, faltará fôlego quando passarmos por outros períodos de dificuldade que, infelizmente, virão.


Páscoa do delivery e da videoconferência

Uma das datas comerciais mais importantes do ano, a Páscoa será diferente neste ano. O isolamento social provocado pela epidemia de coronavírus deve provocar uma queda de 20% a 30% nas vendas de chocolate, de acordo com a associação brasileira de fabricantes do setor (Abicab).

Conforma a entidade, o abastecimento do mercado foi normal, mas o impacto emocional e econômico gerado pelo lock down pode abalar o setor. Em especial, porque as expectativas positivas para a data fizeram com que as fábricas aumentassem a produção e os varejistas ampliassem as compras.

As alternativas encontradas por parte das empresas foi de fortalecer os serviços de atendimento via internet e por delivery. Ainda assim, a redução nas vendas é inevitável. Mesmo nos supermercados, que ficaram abertos ao longo de toda a quarentena, a procura por ovos foi menor do que nos anos anteriores. Outra tradição que vai ficar prejudicada é a de reunir a família.

Para ver nossos entes queridos de forma segura, somente por videoconferência. A tecnologia pode reduzir um pouco a saudade, mesmo que os abraços e carinhos não sejam permitidos. Uma feliz Páscoa a todos. Espero que as próximas sejam mais calorosas.


MARCANTE E ATUAL

“Aos 35 anos, fui demitido do meu trabalho de motorista. Nunca tinha pensado em ser empreendedor, pois só sabia dirigir caminhão e conhecia como funcionavam os restaurantes de beira da estrada. Então, veio a oportunidade de comprar um restaurante na entrada de Bom Retiro do Sul. Começamos a trabalhar e tivemos um movimento extraordinário. Trabalhávamos dia e noite. No início foi difícil, mas o apoio da família foi fundamental e o negócio deu muito certo.”

Germano Tomasi, diretor da Tomasi Logística, em entrevista para o caderno Negócios em Pauta de fevereiro de 2020.


Solidariedade aos motoristas

Profissionais imprescindíveis para a manutenção do abastecimento em tempos de isolamento, os motoristas enfrentaram grandes dificuldades no início da quarentena, principalmente pela falta de locais abertos para
fazerem suas refeições.

Desde que começaram as notícias sobre o problema, empresas, entidades e pessoas em geral se solidarizaram para oferecer alimentos, produtos de limpeza, máscaras e álcool gel aos motoristas. Foram diversas ações em diferentes pontos nas estradas de todo o Brasil.

Ser solidário com quem garante o alimento na mesa de todos os que estão em casa ou precisam trabalhar é uma das lições da crise. Espero que a nossa sociedade consiga sair dessa situação mais atenta às necessidades de toda a população.

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