“Sempre pensava que comigo não ia acontecer, mas aconteceu”

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“Sempre pensava que comigo não ia acontecer, mas aconteceu”

O presidente da Adefil, Nestor Luiz Martinelli, 52 anos, é cadeirante. Ele ficou sem os movimentos das pernas depois de sofrer um acidente na BR-386.

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“Sempre pensava que comigo não ia acontecer, mas aconteceu”
Lajeado
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1 – Como o senhor se sente, sendo cadeirante, eleito presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Lajeado (Adefil)?

– Me sinto muito tranquilo. Já fui presidente em duas oportunidades. Conheço bem a entidade. Sei que é uma grande responsabilidade. A equipe de trabalho da nossa entidade e a diretoria formam um grupo unido e todos se ajudam. Decidimos tudo em conjunto.

2 – Quais são as principais necessidades da Adefil?

– Nossa maior necessidade é a parte financeira. Nós temos o compromisso de pagar o salário dos profissionais que atendem as pessoas. Além disto precisamos de recursos para viabilizar nossos projetos. Precisamos de material, equipamentos e cadeiras de rodas para realizar nossas atividades. São muitas as nossas carências, mas sempre conseguimos dar um jeito.

3 – Como a Adefil administra a questão da “quarentena” por causa do coronavirus, não podendo realizar atividades e atender as pessoas?

Esta quarentena pegou todos de surpresa. Todas as pessoas que atendemos é do público de risco. Não temos outra alternativa a não ser parar com tudo. Depois que passar, vamos voltar com as atividades. Mas nosso pessoal não fica sem contato. Nós temos um grupo de whats e usamos as redes sociais para conversar. Assim ficamos sabendo tudo de todos. Nós formamos uma grande família.

4 – Desde quando o senhor é cadeirante e como foi o acidente que o deixou impossibilitado de caminhar?

– Meu acidente ocorreu dia 31/11/1996. Estava voltando de moto de um baile em Progresso. Caí de moto na BR 386 perto da Polícia Rodoviária Federal. Não lembro nada do acidente. Quebrei a boca, um braço e fraturei a coluna. Fiquei em coma trinta dias no hospital. Foi um período muito difícil. Perdi a mobilidade das pernas. A única alternativa foi a cadeira de rodas. Foi um período difícil de adaptação. Superei tudo e o mais importante é que estou vivo.

5 – Como superou esta situação e se tornou uma pessoa participativa na comunidade?

– A vida é uma só. Tudo o que acontece com a gente não tem volta. Sempre pensava que comigo não ia acontecer, mas aconteceu. Amanhã pode ser você. A gente tem que pensar nas consequências. Depois de tudo que aconteceu comigo, hoje estou bem e me sinto uma pessoa útil participando da Adefil. É a forma que tenho de estar envolvido com a comunidade e ajudar outras pessoas.

Quando sofri o acidente, no período em que fiquei no hospital não sabia da gravidade da lesão na coluna. Depois de oito meses fui a Bahia para fazer a reabilitação no Hospital da Rede Sahra de Reabilitação. Lá fiquei sabendo que não iria voltar a caminhar. Naquela época já estava separado e tinha duas filhas que estavam morando comigo e dependiam de mim. Voltei da Bahia com muita força para seguir em frente. Consegui com a ajuda do amigo da Tornearia Fiegenbaum adaptar a moto para poder andar e sair de casa. Naquela época comecei a participar das reuniões da Adefil. A entidade não tinha a estrutura que tem hoje. Eu e a Reni Lawall já estamos trabalhando juntos na Associação há mais de vinte anos, nesta missa de ajudar as pessoas.

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