“Acessibilidade não é caridade. Temos o direito de ir e vir”

Lajeado

“Acessibilidade não é caridade. Temos o direito de ir e vir”

Postes colocados no meio de calçadas estreitas dificultam acessibilidade na Carlos Spohr Filho

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“Acessibilidade não é caridade. Temos o direito de ir e vir”

Com nove anos de experiência na cadeira de rodas, Francisco de Calais, 55 anos, adquiriu sua autonomia para diversas tarefas. Morando sozinho em uma casa no bairro Montanha, cozinha, limpa e faz as demais tarefas domésticas. Quando precisa sair de casa, a situação muda.
 
“Onde eu moro, é praticamente impossível andar 200 m em uma calçada. Não tem local da cidade que se possa dizer que uma rua inteira tem uma acessibilidade legal. Mesmo no Centro”, avalia.
 
Em algumas quadras da rua Carlos Spohr Filho, ele lista os problemas com os quais se depara. Postes e árvores em meio a calçadas estreitas, desníveis que trancam as rodas da cadeira e trechos intransitáveis, que o obrigam a trafegar pela rua.
 
“Quando você tem que ir a um mercado, uma floricultura, qualquer giro que tenha que fazer, tem que disputar o espaço na rua com os carros. A gente corre sempre este risco.”
 
Calais destaca a falta de acessos às calçadas, mesmo onde há faixa de pedestres. Quando se depara com algum obstáculo no caminho, é necessário voltar até algum acesso de veículos.
 
Na última reunião do governo municipal com os moradores do Montanha, ele levantou o problema, mas saiu sem respostas. “É uma briga de Davi contra Golias”, conclui.
 

Postes largos, calçadas estreitas

Na Carlos Spohr Filho, uma das principais dificuldades é a colocação de postes no meio das calçadas, que são estreitas. Em um dos lados da via, muitos trechos sequer têm calçadas. Além disso, há degraus e desníveis que a cadeira não vence.
 
Há pontos em que a trafegabilidade fica prejudicada mesmo para quem caminha normalmente. Uma parada de ônibus, próximo à EMEI Aprender Brincando, fica cercada de mato alto por todos os lados.
 
Ao tentar se posicionar no local para esperar um ônibus, Francisco precisa ficar no meio da rua, disputando espaço com o próprio coletivo.
 
As irregularidades do terreno trazem prejuízos ao equipamento do cadeirante. As rodas frontais da cadeira estão bastante desgastadas. O par custa cerca de R$ 170 e deveria durar dois anos, mas não chega a um ano e meio, de acordo com Calais.
 
O secretário de Desenvolvimento, Rafael Zanatta, diz não ter conhecimento de quem é a responsabilidade sobre os postes da Carlos Spohr Filho. Por se tratarem de redes de alta tensão, Zanatta afirma que o município não consegue interferir na escolha dos locais. O secretário afirma que estuda a criação de desvios, pela faixa de estacionamento, nos pontos mais críticos.
 

Governo projeta rampas de acesso

O governo projeta a construção de um lote de elevadas de acesso. De acordo com Zanatta, ao longo de dezembro, a equipe de engenharia vai mapear os pontos mais críticos da área urbana do município.
 
A ideia é abrir uma licitação no início de 2020 para cadastrar uma empresa para executar o serviço, de acordo com a necessidade e as denúncias. A projeção é iniciar os trabalhos em meados de março.
 
Zanatta reconhece que há problemas de acessibilidade em diversos pontos da cidade. “Os novos projetos de construção precisam projetar calçada, com rampas nas esquinas. Mas o município tem muita áreas já consolidadas. O passivo é grande, mas estamos trabalhando”, conclui.
 

MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br

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