Bruma vira lama

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Bruma vira lama

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A melhor classificação sobre a tragédia ocorrida em Minas Gerais está no próprio sentido do nome da cidade.
BRUMA, no dicionário Houaiss, significa: nevoeiro, neblina. Algo que não é claro ou impede de ver ou compreender algo com clareza. O que é pouco claro, pouco nítido, incerto, vago. Nada pode ser mais incompreensível do que aquela lama descendo os morros, destruindo e matando tudo e todos que haviam pela frente. Nada pode ser mais incerto do que o futuro de Brumadinho e das centenas de famílias atingidas pelo desastre.
 
Termos como “Alteamento a montante” ou “a jusante” saltaram das planilhas de engenharia para o vocabulário caseiro de uma sociedade em choque. As expressões técnicas nada ajudam a entender o que aconteceu em Brumadinho.
Quase duas semanas de luto escancaram a porosidade de substantivos como legislação, fiscalização, prevenção, responsabilização. Já são perto de 150 mortos encontrados e centenas de corpos ainda desaparecidos. O desastre – que é mais do que desastre e tragédia, é crime – fez emergir algo há muito esquecido no cotidiano cínico e raivoso de hoje: um intenso sentimento nacional acima do fosso político-ideológico.
 
Rastejando feito catadores de caranguejos que entram no mangue e tateiam o dia inteiro em busca do crustáceo, bombeiros chafurdam na gosma tóxica em busca de um corpo, pois vida já não existe mais. Estes incansáveis socorristas conseguiram o milagre de, menos por alguns instantes, unificar a sociedade e semear paz em um momento em que o ceticismo invadia corações e mentes mundo afora.
 
NOBEL DA PAZ – o jornalista Juan Arias, do diário espanhol El País, um dos periódicos mais respeitados do mundo, propôs ainda na semana passada, colocar o Corpo de Bombeiros que atua em Minas Gerais, como candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 2019. “Esses bombeiros fizeram de suas mãos […] um instrumento de paz e ilusão de poder encontrar vida”, escreveu em uma postagem sobre a cobertura do caso de Brumadinho.
 
LAMADINHO – Foi-se a bruma. Veio a lama. A devastação é tão grande e letal que, além de matar pessoas e a natureza, mudou para sempre o cotidiano, o rumo e o destino de toda a cidade. A Brumadinho atual está muito mais para Lamadinho. Triste.
 

Saiu, mas voltou

 
Lorival Silveira (PP) pediu exoneração da secretaria da Habitação e Assistência Social de Lajeado na véspera da eleição para presidente da Câmara de Vereadores. Ocupou a cadeira no Legislativo e foi determinante para a vitória de Neca Dalmoro (PDT) e a derrota de Waldir Gisch (PP). Ontem, na volta do parlamento aos trabalhos, Silveira cedeu espaço à Mozart Lopes (PP) para reassumir o antigo cargo no Executivo.
Pelo exposto, as rusgas e mágoas provocadas dentro do PP são menores do que a importância de Lorival Silveira dentro do atual governo.
 

Circo

 
A eleição para presidente do Senado Federal foi um circo, transmitido ao vivo pela TV. Senadores levaram para o plenário o que de pior existe na política nacional. Produziram, pasmem, uma fraude eleitoral. Quando abriram a urna, havia 82 votos – um a mais do que o número de votantes. Levaram mais do que um dia até escolher o novo presidente e a primeira amostra do novo Senado Federal foi a pior possível.
 

Circo 1

 
Ao discursar como candidato a presidente do Senado, Fernando Collor de Mello, avisou: “Tudo o que proponho já tive a oportunidade de demonstrar na prática”. Terminou em último lugar, com três votos.
 

O nosso circo

 
Ontem, a Câmara de Vereadores de Lajeado voltou aos trabalhos. Ou melhor, tentou. Neca Dalmoro (PDT) presidiu a primeira sessão ordinária de 2019. E teve trabalho. Em 15 minutos, interrompeu a reunião duas vezes por cinco minutos. Tudo porque os 14 vereadores não chegaram a um acordo para definir os integrantes das comissões internas da casa.
Manobra daqui, manobra dali e nada. Era 17h37min e a sessão já estava no fim. E o pior, sem que as comissões estivessem definidas. Só foram para escolher as quatro comissões, mas não conseguiram.
 

O nosso circo 1

 
Entre manobra e outra, o fato é que o MDB levou um drible da situação e dos partidos mais alinhados com o governo, a tal ponto que a presidente suspendeu tudo para que a oposição ganhasse tempo de articular alguma medida para não ficar de fora das comissões. Depois de conseguir o comando da mesa diretora, ficar aparte das comissões seria uma derrota e tanto.
Lorival, o retorno: logo após a sessão de ontem, fortaleceu-se nos bastidores, a hipótese de, mais uma vez, a oposição se socorrer de Lorival Silveira para contrabalançar a eleição das comissões. Ou seja, com um possível voto a favor de Silveira, a decisão final seria de Neca Dalmoro, com o voto minerva. Seria possível isso?
 

Paverama e a Fruki

 
O diretor-presidente da Fruki, Nelson Eggers estará em Paverama na próxima quinta-feira, 7. Em reunião no auditório da prefeitura, apresentará novidades e informações acerca das obras de construção da cervejaria em solo paveramense. Em princípio, a construção da fábrica iniciaria oficialmente em 2020. No entanto, já há no terreno, movimentação de máquinas fazendo terraplenagens, e não será nada fora da curva se o início da construção for antecipado para ainda este ano.

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