Capoeira cresce pelos bairros

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Capoeira cresce pelos bairros

Governo alega dificuldade em cumprir cronograma de manutenção em terrenos do município e falta de roçagem de responsabilidade dos moradores

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Capoeira cresce pelos bairros

Em seu passeio matinal, o aposentado Rubem Hermann, 67, costuma caminhar na rua Carlos Spohr Filho, no bairro Moinhos. Ao acenar negativamente com a cabeça, mostra o inço nas calçadas e terrenos. “O governo só vem ajeitar a poda das capoeiras a cada cinco meses”, afirma.
 
Na ruam mais movimentada do bairro e uma das principais da cidade, as paradas de ônibus e os passeios sofrem com a falta de poda por parte do governo.  Alguns pedestres chegam a atravessar a rua para desviar do inço na calçada.
A reportagem do A Hora também percorreu os bairros Praia, Centro, São Cristóvão, Montanha e Florestal e constatou o mesmo problema verificado no Moinhos.
 
O governo alega que segue um cronograma de roçagem pelos bairros com uma empresa terceirizada e que, embora o serviço seja feito, o clima do verão somado as chuvas contribui para o rápido crescimento do capim.
Além disso, houve alteração no Código de Posturas do município em 2015, na gestão de Luís Fernando Schmidt. Antes, o artigo 25 permitia que o governo fizesse a limpeza em terrenos e depois fizesse a cobrança no IPTU.
 
Com a Lei 10.012 de 30 de dezembro de 2015, o contribuinte com imóveis ou terrenos com situação de capoeira nas calçadas passou a apenas ser notificado. Caso não faça a devida roça, ele poderá ser multado.
 
“Isso dificultou muito nosso controle de poda em inço”, diz o secretário de Planejamento Rafael Zanatta. “As pessoas acabam sendo responsabilizadas pela falta de zelo de alguns contribuintes”.
 
No ano passado, um projeto ingressou na câmara para tentar resgatar o modelo antigo de controle de inço em propriedades de contribuintes, no entanto, não obteve resultado por parte dos vereadores. A norma previa, inclusive, o tamanho de 80 centímetros de capoeira para que, então, o poder público pudesse intervir com a manutenção para posterior cobrança do proprietário do imóvel.
 
“Alguns alegaram que aqueles que têm vários terrenos na cidade poderão ser prejudicados”, conta Zanatta.
 

Passou do ponto

A falta de roçada, em especial, em paradas de ônibus, faz com que passageiros dividam o espaço de pontos cobertos por capoeiras e inço.
 
No bairro Montanha, a aposentada Alesta Liede, 73, aguarda o coletivo na rua João Sebastiany e enfrenta esse problema.
“Eu até entendo que seja difícil cumprir a roçagem em todos os bairros da cidade. No verão, chove muito e o calor faz com que a vegetação cresce mais rápido. Mas, se sabem disso, bem que eles podiam intensificar mais esse serviço”, reclama.
Segundo o secretário de Agricultura, Carlos Kayser, de fato, o governo enfrenta dificuldades para fazer a manutenção nesta estação.
 
“Você faz a roçagem em um lugar, vai para outro bairro e daqui duas semanas o inço já tomou conta daquele primeiro local. A gente segue um cronograma com nossa terceirizada. Mas no verão é mais complicado de manter o serviço feito em todos os locais.”
 
Até mesmo no bairro São Cristóvão, onde funcionam a Apae e a Adefil, o problema passa despercebido.
“Somos um bairro privilegiado por ter instituições a quem tem necessidades especiais. Porém essas pessoas enfrentam dificuldades para chegar até esses locais em função da falta de acessibilidade. É uma verdadeira contradição. O inço é o principal problema do São Cristóvão”, diz Nilce Weiand, presidente da associação de moradores.

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