Arte, decoração e vidro

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Arte, decoração e vidro

Reciclando garrafas, Fernando da Rocha encontrou sua segunda profissão depois dos 50 anos de idade

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Arte, decoração e vidro
Vale do Taquari

Pedido de filha sempre amolece o coração de um pai, não é mesmo? E foi assim que começou a descoberta da nova profissão de Fernando da Rocha, 56. Antes exclusivamente mecânico de refrigeração, aceitou o desafio da filha mais velha, Luana, que vende uma cachacinha de alambique na capital gaúcha. Ela queria produzir copos de martelinho que combinassem com o conceito orgânico da marca, utilizando garrafas recicladas.

A ideia de cortar uma garrafa de vidro para fazer pequenos copos até parecia fácil quando assistiu aos tutoriais da internet. Mas o perfeccionismo de Rocha não o deixou satisfeito com o primeiro resultado. Queria um bom acabamento, com zero chances de cortar quem manuseasse os copos da cachaça produzida pela filha.

Fernando Rocha

Resolveu então desenvolver uma máquina e entre testes, garrafas quebradas e frustrações, não desistiu da invenção por dois anos, quando finalmente conseguiu entender a relação perfeita entre o material de corte e as características únicas de cada tipo de garrafa de vidro. Missão devidamente cumprida, Rocha resolveu testar outros tipos de corte. “Já que eu tinha me desafiado a cortar de forma diferenciada o vidro, resolvi criar outras peças tanto de decoração quanto para o dia a dia”, relembra.

Cortes sofisticados

Cortes improváveis como partir uma garrafa ao meio ou retirar apenas um arco de vidro da estrutura do vidro, Rocha começou a criar petisqueiras, vasos de flor, lustres e o que mais a imaginação permitir. Com ajuda da mulher Marta e dos três filhos Luana, Mariana e Leonardo, se aventurou a criar peças únicas em um artesanato bonito e consciente.

Hoje com uma loja exclusiva para a marca, a Arteliê do Vale, na João Abott, em Lajeado, acabou dedicando quase todo o seu tempo à nova atividade. “70% do meu dia eu passo lidando com vidros. Isso aqui é uma paixão”, conta. Para valorizar quem recicla como ele, Rocha paga dois catadores de papel pelas garrafas que levarem até ele.

O trabalho caiu no gosto da comunidade. Rocha recebe pedidos, monta peças exclusivas e ajuda as pessoas a se conscientizarem sobre a importância de destinar o lixo corretamente. “Aprendi isso com meus pais, passei para os meus filhos e agora tomou uma dimensão maior”, revela.

Para ele, saber que as pessoas repensam o destino dos seus resíduos já um ponto a favor da natureza e de seu trabalho. “Sou apenas um grão de areia de um deserto de pessoas que não se preocupa. Mas se eu movimentar quem está ao meu redor, quem sabe um dia esse deserto se torne um oásis”, reflete.

Trabalho à mostra

Animado com os novos projetos em vidro reciclado, Rocha conta que a empresa vai expor novidades em um espaço muito especial na Expovale. “Não posso falar agora, porque lançaremos os produtos somente na feira, mas posso dizer que muita gente vai adorar”, faz suspense.

O trabalho da família Rocha também já pode ser visto em diversos eventos culturais da região como o Arte na Praça, em Lajeado, e Arte na Escadaria, em Estrela. “Não tem um fim de semana que paramos em casa. E quer saber? É um imenso prazer para todos nós”, comemora.

Agora atendendo apenas os clientes antigos relacionados à antiga profissão de mecânico, Rocha pretende focar na inovação e na consciência da reciclagem. “Amo demais esse trabalho”, se orgulha.

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