Nunca se escreveu tanto, tão errado e se interpretou tão mal

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

Nunca se escreveu tanto, tão errado e se interpretou tão mal

Por

Pesquisa recente sobre o analfabetismo funcional mostra que apenas 22% dos brasileiros que chegam à universidade têm plena condição de compreender e se expressar sobre o que leem. Os dados, referentes ao ano de 2016, são do Instituto Paulo Montenegro em parceria com a ONG Ação Educativa, de São Paulo.
O baixo índice de letramento é medido também pelos resultados do Enem dos últimos anos. Em 2014, por exemplo, dos seis milhões de participantes no exame, 537 mil zeraram a redação da prova. Já em 2017, 309 mil alunos ficaram no zero, enquanto apenas 53 tiraram nota máxima.

O Leituraço, realizado no Parque dos Dick, no sábado, 14, é uma das apostas do A Hora para estimular a leitura de pais e filhos. Incentiva o relacionamento e a integração entre as crianças e favorece a cultura. Dia 11 de agosto terá outro.

O Leituraço, realizado no Parque dos Dick, no sábado, 14, é uma das apostas do A Hora para estimular a leitura de pais e filhos. Incentiva o relacionamento e a integração entre as crianças e favorece a cultura. Dia 11 de agosto terá outro.


Há um outro dado a ser invulgado a respeito desse assunto. Na análise do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), a distância do Brasil em relação a outros países é abismal. Os números de 2016 são outro sinal amarelo sobre um dos problemas cruciais da educação brasileira. Eles indicam que entre os 70 países avaliados o Brasil fica na 59ª posição em termos de leitura e interpretação. Ou seja, entre os últimos.
Mas por que escrever sobre esse assunto hoje? Eu lia a respeito do tema ontem, na Folha de São Paulo, na coluna de Otávio Pinheiro, que falava justamente que “saber ler e interpretar é questão de sobrevivência e amplia nossos horizontes”. E é mesmo.
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Nada poderia conectar melhor as pesquisas, a opinião do colunista da Folha e o Leituraço, promovido pelo A Hora da Criança, no sábado. Fazia tempo, aqui no jornal, falávamos sobre a necessidade de promover atividades que estimulem a leitura (livro, revista, gibi, jornal, etc) e, a partir da leitura e da arte, integrar pais, filhos, amigos e parentes numa grande corrente cultural.
O pontapé foi dado no sábado à tarde, quando o verde do gramado do Parque dos Dick foi decorado com toalhas e tatames que acolheram crianças e famílias em torno da leitura. Éramos em torno de 30. A experiência foi fantástica e estimuladora para os próximos Leituraços (dia 11 de agosto tem mais um) que estão por vir.
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A professora Ana Cecília Togni, a Tia Chica, contou histórias, sorteou livros e fez recreações. O professor Ricardo Petter, da Cia Aprendiz, animou as crianças com músicas e cânticos infantis e juvenis. Muito mais do que animado, foi prazeroso e educativo. Foi uma semente de cultura e de relacionamento lançada em tempos tão líquidos. Infelizmente, livros, brincadeiras e o convívio afetuoso entre as pessoas – muitas vezes até entre familiares –, dão lugar ao mundo digital, que nos coloca tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão longe.
Como escreveu Otávio Pinheiro: “Ler, escrever e interpretar amplia nossos horizontes, amplifica a nossa imaginação e nos liberta de preconceitos, extremismos e opiniões fundamentalistas”.


Atrasou, mas começou

Um ano depois da data prometida – notícia inclusive nesta coluna – o governo de Lajeado inicia o recapeamento asfáltico da avenida Benjamim Constant e da rua João Abott. Estava mais do que na hora de melhorar as condições dessas duas vias.


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Desafios das empresas

Não é por menos que as 150 inscrições disponíveis para o workshop do Negócios em Pauta se esgotaram ontem pela manhã. O tema e o palestrante principal são especiais. O paulista André Cruz falará sobre neurobranding, um dos temas mais contemporâneos e desafiadores no meio empresarial. A atividade de hoje inicia às 19h, no salão da Acil. Participam do painel, mediado por Adair Weiss, a professora da Univates Elizete Kreutz e o presidente da Girando Sol Gilmar Borscheid.


Era só o que faltava

Por falar em educação – ou melhor, na falta dela – cresce no Congresso uma articulação para elevar os salários de deputados e senadores na próxima legislatura. Participam do debate alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, insatisfeitos com a decisão da presidente da Corte, Cármen Lúcia, de não propor aumento novamente para o próximo ano.
Uma proposta que vem sendo debatida é passar o teto constitucional dos atuais R$ 33,7 mil para R$ 38 mil. O reajuste de R$ 4,3 mil (ampla maioria do povo brasileiro não ganha isso por mês) é justamente o valor do auxílio-moradia, que seria incorporado aos vencimentos dos magistrados.
O último aumento do teto constitucional foi aprovado em dezembro de 2014, quando o salário de ministros do STF subiu de R$ 29,4 mil para R$ 33,7 mil. O Congresso quer colocar o reajuste em votação após as eleições, quando vencerem nas urnas. A sem-vergonhice e a desfaçatez continuam reinando na ilha da fantasia.


Enquanto isso

A câmera de monitoramento recém-instalada na rua de entrada do bairro Marmitt, em Estrela, foi “roubada” na noite passada. Além da câmera, levaram até o haste de sustentação. O equipamento faz parte de um projeto arrojado de 21câmeras com alta qualidade de imagem, que está sendo implementado na cidade e é uma das apostas do governo para inibir a criminalidade. Pelo visto, antes de serem flagrados, resolveram retirar as câmeras. O caso foi registrado na Brigada Militar.

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