Mudança em regra expõe divisão na câmara

Lajeado - Plano diretor

Mudança em regra expõe divisão na câmara

Projeto para permitir estacionamento no subsolo da av. Piraí foi aprovado. Em meio à troca de farpas e denúncia de pressão empresarial, o Legislativo de Lajeado votou ontem a proposta de Carlos Ranzi (MDB) para permitir uma área maior do subsolo na av. Piraí para construção de estacionamento. Waldir Gisch (PP) e Adi Cerutti (PSD) se abstiveram. Para Cerutti, a matéria só foi aprovada devido ao lobby de um empreendedor que investe na avenida do bairro São Cristóvão.

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Lajeado
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Os vereadores aprovaram alterações no Plano Diretor. Com a mudança, edificações ao longo da av. Piraí terão mais vagas de estacionamento no subsolo em relação ao índice permitido hoje. A Taxa de Ocupação do Solo passa de 80% para 100%.

Desde o ano passado, quando iniciou a atual legislatura, houve só uma proposta de alteração ao atual Plano Diretor. A matéria da suplente, Eloede Conzatti (PT), que altera o mapa de uso do solo no Loteamento dos Médicos – bairro São Cristóvão –, foi vetada pelo prefeito. Ontem, o projeto de Carlos Ranzi (MDB) foi aprovado por 12 votos.

Na justificativa, o vereador cita que a mudança visa melhorar o tráfego de automóveis na via. “A avenida está em plano desenvolvimento, com dois recentes grandes empreendimentos, além de muitos outros já planejados, o que aumentará ainda mais o fluxo de veículos no local”, cita.

Audiência e Executivo

Antes de propor a matéria, Ranzi presidiu uma audiência pública no São Cristóvão. O encontro reuniu 17 pessoas na sede da SER São Cristóvão. A alteração foi aprovada naquela ocasião.

Entretanto, de acordo com o secretário de Planejamento e Urbanismo (Seplan), Rafael Zanatta, a matéria contraria a proposta do novo Plano Diretor.

“Não estamos prevendo ter uso de 100% do subsolo. A permeabilidade do solo e drenagem pluvial vem sendo discutida Brasil afora. As pessoas acreditam que podem trazer soluções que diminuam o impacto, mas é difícil provar seu funcionamento ao longo do tempo.”

Mesmo assim, Zanatta admite a necessidade de reavaliar as condições do fluxo de veículos e vagas de estacionamento. “A questão do trânsito com certeza é um ponto que precisa ser discutida, mas se as vagas são tão necessárias elas podem ser feitas a mais, dentro das normas, como fazem todos os demais.”

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Benefício para um

Waldir Gisch (PP) diz que os vereadores deveriam aguardar o texto do novo Plano Diretor. “Precisamos pensar no município como um todo. Por isso, eu me abstenho.” Quem também se absteve foi Adi Cerutti (PSD). Ele, no entanto, denunciou um suposto lobby realizado por um empresário que investe naquele trecho.

“O projeto vai beneficiar só um empresário. Ele já começou a obra sabendo que os vereadores logo adiante mudariam a lei para ele ser beneficiado. Ele sabia que o texto seria aprovado”, critica. “Estou muito preocupado”, reforça.

A manifestação de Cerutti repercutiu entre os demais. Mozart Lopes (PP), líder de governo na câmara, defendeu a matéria. “Não podemos trancar investimentos. E tenho a informação de que o empresário estaria executando 80% de ocupação. Só a partir da aprovação da lei ele ampliaria o projeto para 100%.”

Da mesma forma, Ildo Salvi (REDE) defende o projeto. “Não acho que seja para um só empresário. É na avenida.”

Neca Dalmoro (PDT), Waldir Blau (MDB), Ederson Spohr (MDB), Ernani Teixeira (PTB), Marcos Schefer (MDB) e Sérgio Kniphoff (PT) se manifestaram, negando qualquer pedido por parte de empresários.

Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

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