Luz tarda a chegar

Editorial

Luz tarda a chegar

O número de trabalhadores com carteira assinada é o menor desde 2012. É o que aponta o IBGE. Conforme pesquisa publicada nessa sexta-feira, o país tem 13,7 milhões de pessoas sem emprego formal. É a terceira alta trimestral do desemprego…

O número de trabalhadores com carteira assinada é o menor desde 2012. É o que aponta o IBGE. Conforme pesquisa publicada nessa sexta-feira, o país tem 13,7 milhões de pessoas sem emprego formal. É a terceira alta trimestral do desemprego seguida. O percentual de 13% de desempregados é o maior desde maio do ano passado.
Parte desse cenário está ligada aos ajustes pós-Natal. No começo de cada ano, costuma haver um fluxo de devolução da mão de obra excedente, contratada para a produção e as vendas de fim de ano.
Por mais que o governo traduza os números como se fosse algo sazonal, é importante aprofundar essa análise. Apesar das peculiaridades estatísticas e mesmo da época do ano, a defasagem também tem relação com a perda de força da atividade econômica.
O mercado de trabalho não contrata sem a necessidade de adicionar mão de obra à produção ou para os serviços. Também não demite quando existe procura ou consumo. Com a taxa crescente de desemprego – nesse primeiro trimestre ficou quase 2% maior do que os três meses finais de 2017 – o discurso de recuperação dos postos de trabalho, de aumento no poder de compra das famílias, do fim da recessão perde força.
Junto disso, pode-se antecipar que a perda de força econômica significa um crescimento inferior ao previsto para o ano. Com base na revelação do IBGE, o avanço da população ocupada decresce desde o fim do ano passado, tem-se um impacto negativo na renda da população. Nessa trajetória, a composição do PIB, intimamente ligado ao consumo das famílias, tem uma tendência de recuar devido à pouca demanda.
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A partir desse contexto, é importante frisar que há uma tendência de aumento do trabalho informal, mais instável e inseguro, o qual também não gera receita para a Previdência Social.
Até agora, passados mais de dez meses da aprovação da reforma trabalhista, as justificativas para as mudanças na CLT não se confirmaram. Não houve aumento no número de postos de trabalho com a “flexibilização” e há uma insegurança jurídica em curso, em especial com o vencimento dos decretos do trabalho intermitente e do ambiente insalubre para gestantes. As medidas perderam validade e o governo federal não tem pressa em refazer os textos. No país das incertezas, a luz no fim do túnel da recuperação econômica continua distante no horizonte de 2018.

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