Templo vira mural para ameaças e intimidações

Santa Clara do Sul - MORADORES ASSUSTADOS

Templo vira mural para ameaças e intimidações

Pichações em igreja foram realizadas no sábado de madrugada

Templo vira mural para ameaças e intimidações
Vale do Taquari

Uma provável rixa entre moradores de duas localidades do interior do município está tirando o sono de dezenas de vizinhos. Na madrugada desse sábado, a sede da igreja luterana de Alto Arroio Alegre amanheceu pichada com palavras de ameaças, intimidações e acusações contra três pessoas. O mesmo tipo de vandalismo ocorreu em pelo menos uma parada de ônibus, em Chapadão.

As duas localidades ficam a cerca de 15 quilômetros da sede de Santa Clara do Sul. É uma zona rural, com pouca densidade populacional. Um morador, ao menos, teria visto o momento em que um homem alto deixou a parada de ônibus por volta das 6h desse sábado. No local, além das pichações, restou uma lata de cerveja.

Naquele ponto, o vândalo pichou duas frases com um spray de cor preta. “Em 48 horas vai iniciar a guerra”, repetiu. No mesmo abrigo de ônibus, ele também escreveu: “Assassinos x Justiceiros”.

A cerca de um quilômetro daquele local está a sede da comunidade evangélica de Alto Arroio Alegre. Localizado ao lado de um cemitério, o templo também foi alvo. Nesse, o vândalo – ou os vândalos – pichou diversas frases. Algumas desconexas. Outras, com erros de ortografia e de gramática. Também foram citados nomes de pelo menos três pessoas. Uma delas, de nome Valdir, seria morador da localidade.

Entre as frases mais impactantes, uma ameaça. “Vamos matar os assassinos de seis pessoas”. Ao lado, uma mensagem semelhante àquela verificada na parada de ônibus. “Em 48 horas, a verdade ou a morte, escolhe”. “Tudo vai mudar em 48 horas”, dizia um terceiro recado. “Eles sabiam da verdade e agora estão mortos” e “Podem fugir, vamos achar vocês”, eram outros textos.

Ainda na lateral do templo, há pelo menos duas supostas denúncias. Uma delas atribui a posse de uma arma a uma pessoa chamada “Dario”. E outra chama de “assassino” um homem de nome “Celson”. Há também alusão ao nome “Rogério”.

Ao longo de domingo e nessa segunda-feira, moradores próximos ainda visitavam, atônitos, o tempo luterano de Alto Arroio Alegre

Ao longo de domingo e nessa segunda-feira, moradores próximos ainda visitavam, atônitos, o tempo luterano de Alto Arroio Alegre

“Ele tocou o sino antes de ir embora”

As pichações ocorreram entre 4h e 6h de sábado, segundo moradores. Alicia Kohler, por exemplo, mora em frente ao templo. Segundo ela, diversos vizinhos já desconfiam de um possível autor, que seria morador de Chapadão.

Ainda de acordo com ela, a pichação da parede lateral ocorreu durante a madrugada, e com pouca descrição. “A gente estava dormindo. Ele tocou o sino antes de ir embora”, afirma. Questionada sobre qual o sentimento diante do ato de vandalismo, ela demonstra uma mescla de medo e indignação. “Ficamos um pouco preocupados. Agora tem que pintar de novo.”

Outro morador, Normélio Wenz diz que trata-se de um “grande desrespeito com a comunidade”, e “uma pouca vergonha”. Fernanda Wenz, a filha, resume o sentimento. “Eu não entendi. Acho que estão ameaçando alguém de morte. Eu penso que, por Deus, não podemos fazer isso com os outros.” Nos próximos dias, a diretoria da comunidade vai se reunir para avaliar os prejuízos e os custos da nova pintura.

Abrigo de ônibus também foi alvo de vandalismo no mesmo dia

Abrigo de ônibus também foi alvo de vandalismo no mesmo dia

Diversas versões

Vizinhos comentam sobre diversas versões para os atos de vandalismo. Muitos acreditam se tratar de uma antiga rixa entre apenas dois moradores daquela região. Um de cada localidade. Eles já teriam, inclusive, se enfrentado com “bastante violência” durante uma briga em um bolicho ali próximo, afirma um morador.

Ainda de acordo com esta versão, o morador de Chapadão seria um ex-presidiário, e estaria incomodado com algumas “mentiras espalhadas pelo rival de Alto Arroio Alegre”. “Não podemos afirmar 100%, mas todo mundo desconfia que seja entre eles.”

Já sobre outros nomes citados nas mensagens, poucas versões. “Não conhecemos esse Dario, por exemplo. E nem o tal de Rogério. Já o Celson seria um morador de Conventos, pelo que andam dizendo por aqui. Mas ele não teria feito nada de errado”, comenta um outro vizinho do templo.

Polícia Civil investiga

Informada sobre as pichações e sobre o teor das mensagens rabiscadas no templo e no abrigo de ônibus, o Delegado da Polícia Civil de Lajeado e responsável também pelo município de Santa Clara do Sul, Juliano Stobbe, demonstra preocupação. “Nos assusta este tipo de pichação. Vamos entrar em contato com a Brigada Militar de Santa Clara do Sul. Não podemos deixar assim. É muito acintosa esta pichação”, resume.

Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

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