Lajeado “parou” no dia 26 de janeiro de 1991 para as comemorações dos cem anos da principal cidade do Vale do Taquari. “Quanta beleza, a natureza criou..” eram as primeiras palavras do hino criado para aquela data festiva. Meses depois, no dia 4 de dezembro de 1991, uma lei municipal criou um novo bairro para homenagear o município.
Na época, a administração municipal escolheu uma área com ponto inicial no entroncamento da BR-386 com a rua Pedro Júlio Dieter, e também delimitada pelas vias João Gaspar Richter, Ulysses Guimarães e Paulo Emílio Thiesen.
Na época, o ponto ainda era conhecido pelo antigo nome, não oficial, e criado pelos moradores daquela região: Alto Olarias, em alusão ao bairro vizinho, Olarias.
Meses antes, a sociedade local já iniciava a própria organização. No dia 12 de abril de 1991, por exemplo, a comunidade católica, sob a invocação de Santa Teresinha, organizou-se na assembleia realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Guido Arnoldo Lermen. Um salão comunitário já estava construído.
O jovem bairro lajeadense cresceu com o empenho da comunidade. Mas as melhorias de maior impacto demoraram mais. A creche comunitária, por exemplo, entrou em funcionamento só no início do ano letivo de 2006.
A pequena Igrejinha
Vizinho ao Centenário, o bairro Igrejinha também é novo. Foi criado oficialmente em 27 setembro de 1995, tendo como um dos pontos iniciais delimitados o Rio Forqueta. Aquela comunidade iniciou a urbanização do local cerca de quatro anos antes.
Em 1991, a já extinta área rural passou a ser chamada de Loteamento Etgeton. E um dos pontos de referência daquele início era uma capela da Igreja Adventista, construída no início do século XX, e identificada por “Igrejinha”, muito em função do seu porte diminuto, descreve o historiador José Alfredo Schierholt.
O nome do novo bairro foi escolhido em razão disso, e a pedido as famílias do loteamento, após decisão em assembleia. Doze anos depois da fundação do bairro, foi iniciada a construção da creche municipal.
A antiga Picada Scherer
Quem é da “velha guarda” lajeadense já ouviu falar na Picada Scherer. Era essa a denominação do hoje bairro Imigrante, oficialmente criado em 30 de outubro de 1995, e um dos berços do Arroio Forquetinha e Rio Forqueta.
Entre as histórias, descreve Schierholt, a construção da Igreja Santo Antônio. Segundo o historiador, a falta de luz e os problemas de interligação de ruas entre bairros vizinhos impediam as famílias católicas da antiga Picada Scherer de participar mais ativamente da Capela Nossa Senhora Aparecida, de Olarias.
Diante das dificuldades, amadureceu a necessidade de criarem uma comunidade própria, sob a invocação de Santo Antônio, e cuja decisão data de 12 de novembro de 1983, em assembleia. Decidiu-se pelo endereço, na rua Willibaldo Eckhardt, e iniciaram a construção da Igreja Santo Antônio, obra realizada em sistema de mutirão. Flávia Gutierez era presidente da comunidade.
Ao lado a igreja, em 17 de janeiro de 1988, foi lançada a pedra fundamental de construção do salão comunitário. Duas semanas depois, um forte vendaval derrubou a primeira parede já erguida. As obras reiniciaram com o apoio, principalmente, da comunidade escolar da escola Capitão Felipe Dieter.
Hoje a área rural vem se tornando cada dia mais urbana. Antigos galpões, antes utilizados para coleta de leite e criação de animais, estão virando sedes de novas microempresas.
Um planalto em Lajeado
Mais novo entre os bairros citados neste caderno, o Planalto foi oficialmente criado em 24 de junho de 1997. O termo significa “uma grande extensão de terreno plano ou pouco ondulado, elevado, cortado por vales nele encaixados.”
Também é o nome do palácio, em Brasília, sede principal da Presidência da República, lembra Schierholt. O início, explica o historiador, veio com um núcleo de famílias católicas que se organizou em comunidade, sob a invocação de Nossa Senhora do Caravággio.
Guido Arnoldo Lermen
Nasceu em Forqueta, Arroio do Meio, em 1924, e formou-se professor rural na Escola Normal Rural, em 1945, em Porto Alegre. Iniciou o magistério em Pouso Novo. Formou-se advogado pela PUC-RS em 1956, para melhor atender os colonos e ajudar na organização de sindicatos. Liderou em toda a região a organização de Frente Agrária Gaúcha, da qual foi presidente. Para isso, criou o programa O Sol Nasce para Todos, na Rádio Independente, e foi um dos fundadores do Partido Democrata Cristão. Em 1955, elegeu-se vereador de Lajeado.
Assumiu a suplência na Assembleia Legislativa em julho de 1961 e em março de 1964. Eleito vice-presidente, entrou em exercício na presidência da câmara de vereadores e de prefeito, em 1969, apenas por um dia, a administração mais curta na história de Lajeado, para dar posse ao prefeito eleito, Darci José Corbellini. Morreu em julho de 1987.
Antes disso, dedicou-se ao canto coral, fundando a banda Jazz Progresso, para animar festas, acontecimentos sociais e, muitas vezes, angariar fundos para obras assistenciais.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br