“É um bairro ‘tri’ calmo. Não sairia daqui”

Personagem

“É um bairro ‘tri’ calmo. Não sairia daqui”

Valdemir José Vanzetto nasceu em Erechim no dia 29 de setembro de 1969. Na década de 1990 escolheu Lajeado para viver com a família. Hoje o pai de três filhos e avô de cinco netos se declara ao bairro. “É ‘tri’ calmo”, diz ele, com a naturalidade com a qual conquistou a simpatia dos vizinhos e amigos

“É um bairro ‘tri’ calmo. Não sairia daqui”
Lajeado

Os sogros de Vanzetto, pais de Jaqueline, moravam em Arroio do Meio no início da década de 90, mais precisamente em 1992. Ele ainda vivia longe, em Erechim. Mas decidiu dar uma verdadeira guinada na vida e veio de mala e cuia para Lajeado.

A primeira casa foi alugada no bairro Santo André, na rua Catarina Sulzbach, onde morou durante três anos. A mulher Jaqueline já trabalhava como professora na escola municipal Guido Lermen. Ele também lecionava. Mas em uma escola um “pouquinho” mais distante.

“Eu dava aulas na escola de Linha Porongos, hoje no município de Canudos do Vale. Eram quase 40 quilômetros de estrada. Ia todo dia de moto. Saía de manhã e voltava à noite. Uma vez me acidentei no barro na ida. Mesmo assim, não desisti de dar a minha aula”, relembra. “Hoje é mais fácil. A estrada está que é uma beleza”, brinca.

O casal trocou de bairro em 1996. “Como a Jaque trabalhava na escola do bairro, resolvemos ficar mais próximos. Primeiro alugamos uma casa. Depois, fomos firmando boas amizades e criando raízes. Resolvi comprar um terreno e construímos”, orgulha-se.

Uma década como presidente

Vanzetto está ligado à boa parte do desenvolvimento do bairro, criado um ano antes de ele chegar à localidade. “O primeiro presidente da associação de moradores foi o João Vargas da Silva. Depois veio o Rodolfo Guilante, que acabou trocando de bairro e, nessas mudanças na diretoria, acabei assumindo.”

O que começou quase por acaso perdurou por dez anos, conta ele. “Não conseguia encontrar ninguém disposto a me substituir”, brinca. Ele deixou o cargo há seis, mas segue na diretoria. É um vício ajudar o bairro. “Eu sigo dando meus palpites e sempre buscando ajudar. É o local onde vivo. Precisa ser assim.”

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Entre as realizações à frente da associação, lembra uma parceria com seis turmas da escola Guido Lermen. Desenvolveram um precioso projeto de arborização do bairro, em meados de setembro de 2003. Mais de uma centena de estudantes, além de plantar árvores, também ampliaram o projeto ambiental no cultivo de flores em canteiros.

MAPA DA CIDADE_PERSONAGEM_Valdemir Vanzetto

Legado e orgulho

Na época, foram mais de 80 mudas de ipê, ingá e pata-de-vaca plantadas em calçadas. “Deixamos a avenida muito mais atraente e bonita. No futuro, essa ação será muito mais lembrada”, aposta.

Também como legado da época em que presidia a associação, lembra a dedicação dos principais líderes locais para a conquista da creche. “Nós tínhamos que pegar dois ônibus para deixar a filha na creche e ir para o trabalho. Não éramos os únicos, claro.”

Outra recordação de bons momentos à frente da entidade é a melhor utilização do ginásio da Guido Lermen. Antigamente, conta Vanzetto, o local tinha aspecto de abandono. “Era comum ver vidros quebrados e muita sujeira no entorno do espaço. Não havia apreço, era a impressão que tínhamos.”

Naquela época, o acesso ainda era restrito à comunidade escolar. “Contratamos um ecônomo e, com aprovação do governo, começamos a abrir o ginásio para a comunidade usar no período oposto ao escolar. Não deu outra: a ociosidade deu lugar para o apreço ao lugar. A comunidade abraçou o espaço e os atos de vandalismo cessaram”, orgulha-se.

“Já perdi amigos na BR”

Apesar das melhorias e conquistas recentes, Vanzetto muda o tom de voz para falar da BR-386. “Claro que melhorou muito com a nova entrada ao bairro. Mas nosso problema maior é a ausência de uma rótula ou passagem inferior para entrarmos na rodovia em direção ao centro”, reforça.

Assim como tantos vizinhos e moradores dos outros três bairros próximos – Igrejinha, Imigrante e Planalto –, o ex-presidente da associação lamenta a morte de amigos e conhecidos na principal rodovia de escoamento da cidade. “Já vimos muitos acidentes. É um risco constante que enfrentamos”, lamenta.

“Todos se conhecem”

Vanzetto não deixará o bairro, garante. “Eu acho um bairro ‘tri’ calmo para morar. A vizinhança toda se conhece. A maioria, digo. É perto do meu trabalho. E gosto muito da tranquilidade e do silêncio. Não deixaria o local”, reforça o professor que completará 30 anos de profissão em 2019.

Da vida, leva os amigos e a família. Pai da Franciele, da Aline e do Ronaldo, e avô do Vicente, do Benjamin, do Henrico, Artur e da Sofia, ele quer se aposentar em cinco anos e “curtir a vida”. “Quero viajar. Conhecer mais o norte do Brasil, também o Espírito Santo. São tantos locais. Eu quero é aproveitar a vida”, finaliza.

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Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

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