Recuperação ainda não veio

Editorial

Recuperação ainda não veio

A decisão da Aneel de permitir um aumento de mais de 20% no valor cobrado pelo consumo de energia elétrica residencial e industrial pela RGE Sul, em meio a um processo lento e gradual de recuperação econômica, é um contrassenso.…

A decisão da Aneel de permitir um aumento de mais de 20% no valor cobrado pelo consumo de energia elétrica residencial e industrial pela RGE Sul, em meio a um processo lento e gradual de recuperação econômica, é um contrassenso.
Os 21% a mais na conta de luz das residências representam redução no poder de compra das famílias, um dos indicadores mais importantes para a economia. Quanto mais dinheiro se gasta com necessidades básicas, menos recursos circulam no comércio e nos serviços locais.
A situação é ainda pior para a indústria. Ainda sofrendo os efeitos de uma das maiores crises da história, as empresas terão que arcar com um custo extra de 25% nas contas de luz a partir de hoje, valores que certamente serão repassados, ao menos em parte, no preço final dos produtos.
De acordo com a RGE Sul, o aumento das despesas com a compra de energia, com o pagamento do sistema de transmissão e com os encargos setoriais, foram decisivos para a alta expressiva. A empresa alega ainda que boa parte do valor pago pelo consumidor é de impostos.
[bloco 1]
Os motivos alegados não convencem os consumidores, que, desde 2014, viram a conta de luz mais do que dobrar. Ainda mais diante de uma inflação oficial que não chegou a 3% no ano.
Fato é que a suposta recuperação da economia pouco afeta o trabalhador, mas os aumentos na gasolina, eletricidade e demais despesas do dia a dia apertam o orçamento. Neste cenário, a inflação baixa parece distante da realidade.
Um exemplo dessa dicotomia é a taxa básica de juros. Mesmo com cortes que fizeram o índice cair ao patamar mais baixo da história, os juros bancários sofreram quase nenhuma alteração, e continuam entre os maiores do mundo.
A recuperação da economia brasileira é inegável. Comprovada por números que demonstram crescimento do PIB, o fim da recessão ainda precisa chegar ao cidadão comum, justamente quem mais sofreu com a crise.

Acompanhe
nossas
redes sociais