Falta de servidores e furtos prejudicam atuação do DML

Vale do Taquari - Necropsia na região

Falta de servidores e furtos prejudicam atuação do DML

Cabos e fios foram roubados e repartição ficou sem câmara fria

Falta de servidores e furtos prejudicam atuação do DML
Vale do Taquari

Faz pelo menos 36 anos que a equipe do Departamento Médico Legal (DML) regional, instalado no bairro Florestal, em Lajeado, tem o mesmo número de servidores. Além do trabalho sobrecarregado e muitas vezes sem descanso semanal ou pagamento de horas extras, o prédio onde são realizadas necropsias é alvo recorrente de vandalismo. O último ato aconteceu nesta semana.

Segundo servidores, canos e fios de cobre da câmara fria foram furtados durante a noite. Com isso, o equipamento de conservação dos cadáveres não está funcionando. O espaço, desprovido de cercas ou qualquer equipamento de segurança, atende a 42 municípios.

A falta do equipamento foi percebida nessa segunda-feira. Um cadáver já em estado de decomposição chegou ao local. Para preservar o corpo antes da necropsia, os servidores utilizaram a câmara fria. Algum tempo depois, e em função do cheiro, perceberam a falha.

Foi a segunda vez que criminosos furtaram o local em 2018. A primeira foi em janeiro. Desta vez, os delinquentes não chegaram a invadir o DML. Eles quebraram um cadeado que protege o motor da câmara instalado fora do prédio. De lá, levaram os fios de cobre.

Sem a câmara fria, diz o técnico em perícias, Gilberto Paulo Marmitt, o serviço de necropsia segue normalmente. Entretanto, pode prejudicar outras demandas. “Atrapalha se chegar um cadáver sem identificação, por exemplo, e que precisa aguardar mais tempo para ser encaminhado. Seremos obrigados a sepultar ou enviar para outro DML.”

Os servidores do DML local encaminharam pedidos para a Secretaria de Segurança do Estado solicitando orçamento e repasse de valores para custear as reformas necessárias. Entretanto, até o fim da tarde de ontem, não havia resposta por parte das equipes organizacionais de Porto Alegre. Se os recursos atrasarem, os técnicos legistas devem pedir auxílio à Alsepro.

Furto nesta semana danificou a câmara fria do necrotério no Florestal

Furto nesta semana danificou a câmara fria do necrotério no Florestal

Três décadas

Os problemas no DML regional perduram faz anos. Até 1988, o necrotério público estava instalado dentro da área do Hospital Bruno Born (HBB). Naquele ano, e em função dos planejamentos e projetos de ampliação da casa de saúde, o atendimento foi encerrado. No local, construíram o Setor de Emergência.

A partir disso, diversas entidades se uniram para garantir a construção de um novo local. Marmitt participou daquela mobilização. Atuando desde 1982 na região, ele chegou a opinar na estrutura interna do novo prédio, erguido junto às câmaras mortuárias. “A planta veio pronta, feita pelo Estado. Tinham muitas divisórias. Ficaríamos com pouco espaço. Tinha até sala de espera. Derrubamos algumas paredes para aumentar o espaço de trabalho.”

Na época, partiu do Lions Florestal a proposta de construção do prédio. Poucos governos municipais auxiliaram o Executivo de Lajeado, e o Estado apenas enviou a planta e comprou a câmara fria. Rubens Neitzke era o presidente da Alsepro e garantiu mais recursos. “Escolheram aquele local, pois se tratava de um terreno do município.”

Em 1989, o prédio foi inaugurado. Até hoje, porém, não tem Habite-se e foram mínimos os investimentos. Um aparelho de raios X, por exemplo, chegou a ser enviado para o local, mas ficou mais de seis anos parado em função da falta de verba para instalação.

Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

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