Polícia aponta autor e cobra indiciamento

Lajeado - incêndio no hbb

Polícia aponta autor e cobra indiciamento

Investigação entregou ontem o inquérito à Justiça. Para a Polícia Civil, o ataque ao Setor de Emergência do hospital de Lajeado foi cometido por Jairo Procópio Oliveira Camargo. Defesa contesta e aguarda posição do Ministério Público

Polícia aponta autor e cobra indiciamento
Lajeado

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o incêndio no Setor de Emergência do Hospital Bruno Born (HBB). Jairo Procópio Oliveira Camargo, 51, foi acusado por incêndio doloso, com causa de aumento devido ao prédio ser de uso público. A investigação foi entregue ontem à Justiça.

Conforme o delegado responsável pelo caso, Juliano Stobbe, depoimentos de testemunhas, tanto funcionários da casa de saúde quanto pacientes que também aguardavam atendimento, e as filmagens das câmeras de monitoramento comprovam que Camargo foi o autor do incêndio. “Ele estava com a mesma camiseta. Só colocou uma jaqueta por cima e o capacete. As testemunhas foram enfáticas em apontar ele como responsável pelo incêndio.”

Um isqueiro, que em tese teria sido usado para atear fogo na recepção da emergência, foi apreendido. No dia em que o suspeito prestou depoimento, diz Stobbe, o isqueiro estava no bolso dele. Segundo o delegado, o item estava chamuscado e com cheiro de gasolina.

Com a finalização do inquérito, o Ministério Público (MP) tem cinco dias para oferecer ou não a denúncia e até mesmo pedir mais diligências à PC. Stobbe não acredita que isso ocorra. “Pouco provável tendo em vista a situação de a prisão preventiva continuar em vigor.”

Por lei, a pena prevista para o crime é de três a seis anos de prisão, com chance de aumento de 1/3, pelo fato de o incêndio ter sido em um prédio público. O acusado tem antecedentes por roubo e responde por um homicídio ocorrido em 2016.

O que diz a defesa

O advogado Marco Mejia contesta as informações da polícia. Até ontem, ele não teve acesso ao inquérito. “Temos de ver o que o Ministério Público vai dizer.” De acordo com ele, a defesa trabalha com duas linhas. A primeira de autodefesa, de negativa de autoria.

Outro viés, caso a denúncia mantenha a linha apresentada pela PC, é alegar excludente de culpabilidade devido ao estado de necessidade. “É notório e público a morosidade no atendimento do hospital. É precário para uma instituição rica. Temos convicção de que a criança não foi tratada como deveria. Estava com muita dor. Não seria diferente de qualquer outro pai, depois de perambular dois dias por atendimento, vendo o filho sofrer.” Segundo ele, há jurisprudência no país nesse sentido.

Para a defesa, é preciso informações sobre o tipo de atendimento prestado pelo HBB. “Queremos saber quantos médicos estavam no plantão naquele dia. O hospital também precisa responder os motivos para esse desleixo com pessoas que precisam de atendimento.”

Como foi o atentado

Por volta das 7h do dia 1º de abril, o suspeito e a mulher levaram o filho de 4 anos à UPA. A criança foi atendida e diagnosticada com uma amigdalite. O médico prescreveu um antibiótico e outro remédio para dor e febre.

Horas depois, o casal chegou ao Setor de Emergência do HBB com a criança. Às 15h30min, ela passou pela triagem com a equipe de enfermeiros. O menino não tinha febre no momento. A família foi encaminhada para uma sala de espera.

Neste momento, segundo funcionários, começaram as ameaças. Pelas imagens das câmeras, às 17h37min, e sem uma consulta com o médico, a família deixou a emergência. Depois de uma hora e dez minutos, o suspeito voltou. Entrou com um facão na mão, capacete na cabeça e uma mochila. Em seguida, retirou uma garrafa com gasolina e despejou sobre a mesa e os computadores. Pegou um isqueiro e ateou fogo.

Naquele momento, havia 15 funcionários – entre médicos, enfermeiros e recepcionista – no setor, e pelo menos dez pacientes. Três desses foram levados à UTI do HBB e os demais para salas do Pronto-Atendimento.

Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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