Encantado é referência

Futebol feminino

Encantado é referência

A 3ª edição da Taça Encantado de Futebol Feminino reuniu mais de 200 atletas do RS e de Santa Catarina. O destaque da competição foi a presença de jogadoras da seleção brasileira adulta e do treinador da sub-20, Doriva Bueno. O Internacional, de Porto Alegre, foi o grande campeão do torneio disputado durante três dias no Estádio das Cabriúvas

Encantado é referência

O Internacional foi o grande destaque da 3ª Taça Encantado de Futebol Feminino. A equipe de Porto Alegre venceu nas categorias sub-18 e adulto. A competição disputada no fim de semana, no Estádio das Cabriúvas, reuniu equipes do RS e de Santa Catarina.

Na sub-18, após o empate em 1 a 1 contra o Chapecoense, venceu por 5 a 3 nos pênaltis.

Na adulto, a vitória por 1 a 0 sobre o Kindermann garantiu mais um título ao clube.

Entre as jogadoras do Internacional, estava Julia Daltoé Lordes, de Encantado. Ela tem 16 anos e foi campeã com a seleção brasileira no sul-americano realizado em março na Argentina.

Julia é filha de Gisele Daltoé e Adair Lordes, idealizador da Taça Encantado. A competição é realizada pelo Jornal Força do Vale e conta com o apoio do governo municipal, Dália Alimentos, Sicredi e câmara de vereadores. “Na época, a Julia jogava na Chapecoense e eu queria trazê-la para jogar na cidade”, conta Lordes.

Segundo ele, a intenção era reunir os times e valorizar o futebol feminino. O que resultou no crescimento da competição com mais equipes a cada edição.

A arbitragem ficou a cargo de seis mulheres: Marlova Boeck, Pâmela Jorras, Renata Schaefer, Mariana Caetano, Estéfanie Estrela e Taís Ruver. “O futebol feminino vem crescendo com mais gente participando e conseguindo vencer o bloqueio cultural”, comenta Marlova.

Para ela, o preconceito com as atletas e também com a arbitragem feminina diminuiu, mas ainda está presente na sociedade. Na opinião dela, iniciativas da Fifa e da Comebol, como torneios incentivando o futebol para mulheres, auxiliam a desfazer a ideia de que o esporte é apenas para homens.

 Internacional levou para Porto Alegre o título nas categorias sub-18 e força livre. Torneio reuniu 200 atletas

Internacional levou para Porto Alegre o título nas categorias sub-18 e força livre. Torneio reuniu 200 atletas

Resultados

Adulto

– Campeão: Internacional
– Vice: Kindermann
– 3° lugar: Criciúma
– 4° lugar: A.E.F. Estrela
– Goleadora: Daiane Moretti (Internacional)
– Goleira menos vazada: Luana Liberato (Internacional)
– Destaque: Marcela Bezerra (Kindermann)

Sub-18

– Campeão: Internacional
– Vice-campeão: Chapecoense
– Artilheira: Rafaela Marostica (Chapecoense )
– Goleira menos vazada: Gabriela Barbieri (Chapecoense)
– Destaque: Rafaela Marostica (Chapecoense)

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Entrevista

“Vão surgir outras Martas, mas com características diferentes”

O treinador da seleção brasileira sub-20, Doriva Bueno, esteve em Encantado durante os três dias do torneio. Avaliou possíveis jogadoras que podem fazer parte da seleção brasileira.

Quais as principais mudanças que o futebol feminino viveu nos últimos anos?

Doriva Bueno – A divulgação. As equipes começaram a entender que têm que se profissionalizar um pouco mais e os clubes começam a ter mais oportunidades. Vejo na seleção há três ou quatro anos não havia eventos como este. Fico feliz, pois é importante que ocorram. Com certeza, o futebol feminino se desenvolverá ainda mais e para nós da seleção, que queremos a boa atleta para servir o país, jogando campeonatos de níveis sul-americano e mundial é muito importante.

Quem na sua opinião vai suceder a Marta?

Bueno – Muitas vezes queremos a referência de uma Marta como a Marta é hoje. Isso é difícil de acontecer, assim como era na época do Pelé, do Maradona, cada um tem as suas características como hoje é o Neymar. Vão surgir outras Martas, mas com características diferentes. Na seleção principal, hoje tem a Andressa que é uma boa jogadora, mas com características diferentes. Na sub-20, também há boas atletas que têm talento e podem jogar fora do país e construir uma história.

O que falta para o futebol feminino ser mais conhecido e valorizado, principalmente no Brasil?

Bueno – É o profissionalismo. Uma das grandes coisas que o futebol feminino tem que ter é se profissionalizar. Os profissionais que trabalham com as meninas precisam buscar mais conhecimento, isso independente de ser homem ou ser mulher. Acho que tem espaço para todo mundo, para mulheres treinadoras, mulheres preparadoras físicas e treinadoras de goleiras. Só que precisa se especializar, buscar formação e conhecimento. Não basta só ter sido jogador ou jogadora de futebol e não ter o conhecimento de nível universitário. Não só na técnica e tática, mas na questão estrutural de dirigentes que entendem e sabem conduzir bem o processo dentro das equipes. Também é necessário haver investimento nas categorias de base em todo o país. Fazer o Brasil despertar para os talentos. É difícil você construir uma equipe forte se você não tem uma base estrutural.

Como vê o futebol feminino daqui a alguns anos?

Bueno – Vejo com muita esperança e expectativas boas de conseguir títulos de expressão. Por exemplo, falo pela seleção sub-20. No primeiro ano em que trabalhamos, saiu na primeira fase do mundial, tivemos dificuldades. Já em 2017, no Mundial, passamos da segunda fase e ganhamos da Suécia, uma grande equipe. Também num torneio dos Estados Unidos é a segunda vez que vencemos. Uma esperança nossa para o mundial, agora de agosto, é estar entre as quatro melhores do mundo. Por aí, vamos conseguir chamar a atenção da CBF para que invistam mais e cheguemos ainda mais longe.

Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br

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