Viva o Taquari Vivo

Opinião

Gilberto Soares

Gilberto Soares

Coluna aborda temas do cotidiano, política e economia. Escreve duas vezes por mês, sempre aos sábados.

Viva o Taquari Vivo

É na Baixa Mesopotâmia e no Egito (…) que aparecem cidades, templos, irrigação sistemática e evidências de organização social…”
Trecho de Uma Breve História do Mundo, livro de H. G. Wells

As primeiras cidades surgiram na Baixa Mesopotâmia e no Egito. No processo civilizatório, tinham em comum a água dos rios Tigre, Eufrates e Nilo – ricas de outros significados: estrada, matéria-prima e indutora de fertilidade. Está em muitos livros, entre os quais Uma Breve História do Mundo, de H. G. Wells.

Também aprendi na escola – descontado o ufanismo – que o Vale do Taquari era o terceiro vale mais fértil do mundo. Paraíso, pensava eu em Bagé, de estiagens e da área urbana longe 80km do Camaquã, seu principal rio. Sempre água.

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MATE. Os Estados Unidos investem fortunas na exploração espacial, e os cientistas da Nasa comemoram como colegiais a descoberta de água nos mais lugares remotos do universo. E são “experts” em Amazônia. Já o Brasil, superpotência mundial hídrica, dilapida o patrimônio. E não é coisa de Norte ou Nordeste, pois o Rio Grande do Sul contribui com três dos dez rios mais poluídos do país – Sinos, Caí e Gravataí. Vai um mate?

Parte da mudança encontra-se na cidadania. Em 2007, voluntários de Lajeado e Estrela criaram o Viva o Taquari Vivo e passaram a discutir a relação com o ambiente natural. Enriqueceram-no com a mostra fotográfica, cartilha ambiental, seminário e a jornada. Compartilharam a realidade agressiva da poluição cotidiana com escolas e empresas e a poluição cotidiana passou ganhou a gravidade de pedaços perdidos de humanidade. E recupera a sabedoria da frase de Juvenal, poeta romano, há 2.000 anos: “Nunca a natureza diz uma coisa e a sabedoria outra”.

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MELHOR DE SI. O seminário ambiental permite-me conversar com estudantes. Quando ocorre, repito a pergunta sobre “quando foi a última visita ao rio” e decepciono-me com as respostas. “Você é responsável por aquilo que cativa”, ensinou a raposa ao Pequeno Príncipe. Ou seja, pertecimento, sem o qual falta razão para defender o desconhecido. Consola-me o fato de que, mesmo sem cativar as pessoas, o Taquari continua entregar o melhor de si. É hora de imitá-lo.
DE FRENTE. Sonho com a “ramblas” características das cidades dos “hermanos”. Ficaria enlevado ao caminhar por avenidas tratadas por paisagistas sensíveis à necessidade do convívio harmonioso com o Taquari. Talvez, falte o tempo para viver o sonho. Mas isso não detém a luta pela ideia.

Enquanto a “rambla” não vem, hoje, participo do mutirão de limpeza, de onde lhe convido para dar uma olhadinha em nosso maior patrimônio.

Quando chegar, fique de frente para o rio, cative-o e torne-se responsável.

“Sustentabilidade não é a predominância do verde sobre as outras cores, mas uma chance de misturá-las num arco-íris definitivo.”
De O Sujeito da Frase, livro que escrevi e ainda não publiquei

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