Determinada a reduzir o número de abortos causados pela trombofilia a moradora de Cruzeiro do Sul, Cátia Cristiane Mauer Schmitt, 38, resolveu mobilizar gestantes de todo o estado para debater o assunto.
Por meio de um grupo de 80 pessoas no Whatsapp, organizou o primeiro Encontro Regional Sobre a Trombofilia, que ocorre neste sábado, 7, no Solar dos Lagos, em Cruzeiro do Sul. O evento inicia às 10h, seguido de almoço por adesão. A partir das 13h, começa a rodada de conversa.
De acordo com a médica ginecologista Venina Isabel Leme de Barros, a trombofilia é um risco para gestantes e bebês. Trata-se de uma condição em que o sangue a gestante engrossa e interfere na circulação, podendo causar o entupimento de veias.
Gestantes com essa condição aumentam o risco de abortos devido à obstrução da circulação do sangue que vai à placenta. Em casos menos agressivos, a obstrução parcial dificulta a chegada de nutrientes para o bebê, sendo a trombofilia também associada à redução do crescimento do feto.
Conforme Cátia, o exame só é ofertado às gestantes que já tiveram pelo menos três abortos. “É um absurdo termos que passar por traumas tão grandes para só depois termos direito a iniciar um tratamento”, critica.
A condição, que pode ser adquirida ou genética, que é o caso da entrevistada, gera abortos em qualquer fase da gestação. O primeiro filho dela nasceu com baixo peso em 2009. Cátia engravidou de novo em 2016 e depois em 2017, quando teve dois abortos, ambos na sétima semana.
Após o trauma, a irmã, Carla Luciane Mauer Finck, 31, também sofreu dois abortos. Um aos 12 e outro aos 36 meses de gestação. “Foi muito difícil para todos nós, já que não sabíamos o que estava acontecendo e sofríamos perdas uma atrás da outra”, relembra.
Após uma série de exames, Carla descobriu a condição de trombofilia e iniciou tratamento durante a gestação que consiste em injeções diárias de Enoxaparina, gerando um custo mensal de R$ 2,4 mil. “O SUS não distribui o medicamento e não cobre os exames. Mesmo com plano de saúde, tivemos que desembolsar quase R$ 1 mil no diagnóstico. Entramos com um processo da Defensoria Pública e apenas dessa forma conseguimos acesso aos tratamentos”, explica.
Mesmo com trombofilia mais branda, Carla conta que precisa continuar se medicando pelo resto da vida. “Para fluidificar melhor o sangue, preciso tomar ácido acetilsalicílico para evitar riscos de trombose”, diz.
Victória Lieberknecht: victoria@jornalahora.inf.br