A Polícia Civil finalizou o inquérito sobre a explosão no edifício Terrabela, em outubro passado, que causou a morte de Rodrigo César Aresi, 32.
No relatório a ser apresentado à Justiça na próxima semana, não haverá indiciamento criminal. Segundo o delegado Juliano Stobbe, é impossível individualizar a conduta que gerou o vazamento de gás no apartamento da vítima.
Pelos menos cinco pessoas mexeram no terminal de registro do sistema de gás do prédio no dia da explosão, conforme as câmeras de segurança do quarto andar. Aberto ao acesso público, o compartimento possibilitava o controle do fluxo do combustível para os sete apartamentos do pavimento. As imagens, contudo, não permitem identificar quem abriu a válvula para o apartamento da vítima, que estava fechada há cerca de sete meses.
Além do manuseio indevido da chave do apartamento de Aresi, um conjunto de fatores teria ocasionado a tragédia. Embora não utilizasse o sistema central, não havia tampa na saída do tubo que desemboca dentro do apartamento da vítima. A ausência de um sistema preventivo para a dispersão de gás em casos de vazamento também corroborou para o acidente. “Existe uma soma de condutas que levaram à explosão”, afirma Stobbe.
O delegado destaca que houve uma mudança no período da tarde do dia 11. Além do casal de novos moradores, dois integrantes da equipe de frete acessaram o terminal. Minutos antes da explosão, após ser chamado por um vizinho que sentiu o cheiro, o síndico do prédio também se deslocou ao compartimento para fechar o registro. Estima-se que o vazamento durou cerca de 3,5 horas, o necessário para a quantidade de gás constatada no apartamento: 7 metros cúbicos.
O estopim da explosão também é uma incógnita. Aresi chegou em casa do trabalho por volta da 1h e, conforme as imagens, não parece ter percebido o cheiro já constatado por vizinhos. Após ligar a luz, ficou cerca de 10 minutos dentro de casa até a explosão. Conforme Stobbe, uma faísca de isqueiro ou de fogão de cozinha pode ter gerado a combustão.
Caso peculiar
Durante cerca de um semestre, mais de dez oitivas foram realizadas, incluindo vizinhos, pessoas da administração do prédio e profissionais com conhecimento técnico sobre gás. O inquérito será distribuído para uma das duas varas criminais do Fórum de Lajeado, antes de ser encaminhado ao Ministério Público. O órgão decidirá se concorda com o relatório ou se oferecerá denúncia.
Stobbe explica que o fato de não haver indiciamento criminal não impede que sejam movidos na Justiça processos de indenização cível ou de responsabilização administrativa. “Mas um indiciamento criminal, que precisa ter uma individualização perfeita, é impossível”, reforça.
“É um caso bem peculiar. Não lembrava de outro incêndio ou explosão dessa forma. Gerou muitas consequências. O prédio todo teve um abalo na estrutura”, comenta o delegado. As portas dos sete apartamentos do andar foram arrancadas devido ao deslocamento de ar, além de danificar o elevador. O edifício foi interditado.
Relembre o caso
Em 12 de outubro, A Hora noticiou a explosão no apartamento 404 do Edifício Terrabela, na rua Pinheiro Machado.
Moravam no local o garçom Rodrigo César Aresi e a mãe dele. Ambos estavam fora enquanto acontecia o vazamento de gás. A explosão aconteceu quando o homem chegou em casa. Ele foi hospitalizado com queimaduras de terceiro grau em 78% do corpo.
Após dois dias no HBB, a foi transferido ao Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre. Sem resistir à gravidade dos ferimentos, morreu em 14 de novembro.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br