As empresas familiares representam mais de 90% dos negócios em atividade no país. Imbuídos de espírito empreendedor, os empresários que transformaram a vontade de fazer em uma atividade rentável vislumbram encontrar dentro da família os responsáveis pela perpetuar a atividade desenvolvida pelas gerações anteriores.
Passar o bastão para os filhos não é uma tarefa simples. Prova disso é o número de empresas familiares que encerram as atividades após a primeira troca de comando. Conforme dados do Sebrae, de cada cem, apenas 30 empresas familiares sobrevivem à segunda geração e 15 à terceira.
Pesquisa realizada pela empresa de consultoria KPMG mostra que a preocupação com a continuidade do negócio nas gerações subsequentes é uma das mais prevalentes no meio corporativo.
Conforme o estudo, mais de 77% das firmas do tipo são comandadas por uma única família. Entre os líderes pesquisados, o índice de interesse na entrada de novos sócios ou aliança com terceiros foi quase nulo, o que aumenta ainda mais a necessidade de qualificar os herdeiros para assumir as responsabilidades do negócio.
Diante da relevância do tema em uma região onde as empresas são essencialmente familiares, a edição de março do workshop Negócios em Pauta convidou os empresários Nelson e Aline Eggers, da Fruki, Vera e Isadora Riediger, da Free Turismo, e o consultor de Empresas e professor da Univates, Valmor Kapler, para abordar o assunto.
Presidente de uma das maiores companhias de bebidas do RS, Nelson Eggers deu detalhes sobre o processo que resultou no convite aos filhos para assumirem cargos de gestão. Segundo ele, um dos fundamentos é educar os filhos para que eles sigam profissões liberais, independentes da empresa.
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Outro ponto destacado pelo empresário é perceber que ser herdeiro dá direito de propriedade, mas não à administração da empresa. Para Kapler, o planejamento e a organização são fundamentais para assegurar que o negócio se perpetue, ou, caso acabe, que os sócios consigam salvar o patrimônio.
Proprietário de uma das mais imponentes empresas de construção civil da região, José Zagonel é o entrevistado desta edição. Natural de Picada May, Marques de Souza, transformou a obsessão pela qualidade da construção da própria casa no fundamento do negócio.
Com três funcionários, pá, enxada, picão e uma caixa de argamassa, Zagonel iniciou a empresa que se tornaria, anos depois, uma das principais referências do setor. A dedicação à construtora divide espaço com o trabalho voluntário. Para ele, o tempo empregado em causas sociais é uma forma de cumprir seu papel para com a sociedade.
A edição deste mês também destaca as mudanças estabelecidas em uma das principais entidades de apoio ao desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas. O Sebrae-RS apresentou projetos desenvolvidos durante o trabalho de reposicionamento da marca e que guiarão a entidade pelos próximos anos. A intenção é levar aos micro, pequenos e médios empreendedores conceitos modernos e conectados com a tecnologia e o sistema de startups.