Uma menina sentada à beira de um precipício chorava muito quando, de repente, apareceu na sua frente um fofo peludo, dentuço e sorridente. Com um misto de surpresa e desconfiança, a menina perguntou:
– És o Coelho da Páscoa?
– Sou sim, disse a criatura peluda.
– O que fazes por aqui?
– Meu trabalho. E você? O que fazes sentada aí sozinha soluçando de tanto chorar?
– Lamento as coisas tristes e difíceis que estou enfrentando em minha vida.
– E lamentá-las lhe ajuda?
– Não. Mas não sei mais o que posso fazer.
– Bem, querida menina, acredito que todos os conflitos são, na verdade, oportunidades de mudança, de movimento. Procure pensar o que podes mudar, movimentar na tua vida e que de alguma forma pode amenizar a tua dor. Não fujas, mas encare sob outra perspectiva. Pense no que está sob o seu controle e que independe da ação de outras pessoas.
– Vou pensar no que você me disse. Mas agora, disse a menina já com uma expressão menos aflita, diga-me, Coelho da Páscoa, o que trazes pra mim?
– Trago-te algo bem doce. Algo que alimenta e nutri. Que é saudável e que, de lambuja, não engorda.
[bloco 1]
Foi então que o senhor Coelho saiu pulando floresta afora rumo à fábrica mágica. A menina olhou em torno e não avistou nada. Nenhum chocolate, bala ou biscoito, mas, ainda assim, sentiu-se renascida, satisfeita, nutrida por aquela escuta atenta e pelo conselho adocicado do amigo que lhe deu atenção. Fez-se a Páscoa.
Opinião
Raquel Winter
Professora e consultora executiva