Ele é o Apocalipse. Assim é conhecido o ilustrador Carlos Leandro Brandão, 33. Morador de Passo do Juncal, em Taquari, é famoso nos redutos boêmios do Vale pela arte surrealista que desenha utilizando apenas canetas esferográficas.
• Como começou seu interesse pela arte de desenhar?
Foi em meados dos anos 2000, quando conheci o rock and roll, aos 16 anos. Isso abriu muito minha cabeça. Até então, eu até desenhava, mas apenas casas e caminhões. Nada demais. Um dia mostrei para um amigo e ele achou uma porcaria e disse “Tu deveria criar tua própria”. Aquilo ficou na caminha cabeça. Entendi o que ele quis dizer quando cheguei em um bar de Canabarro e vi os grafites do Pacheco, um artista da região. Ele foi e ainda é minha grande referência sobre criatividade.
• Seus desenhos seguem simetrias, cores vibrantes e paisagens surreais. De onde vem a inspiração?
Olha, diria que não estou sozinho. Sinto que tem uma força de outro mundo que me acompanha. Não costumo pensar muito no que estou fazendo e quando vejo está pronto. Tenho trabalhos que demorei mais de 120 horas para fazer. Muitas pessoas acham que por meus desenhos serem psicodélicos uso drogas ou coisa do tipo. Não é verdade. Minha arte é algo natural e divino do universo.
• Por que lhe chamam de Apocalipse?
Fiquei conhecido por pedalar pelo Vale do Taquari em uma bicicleta com uma caveira de boi na frente. Foi um amigo que começou a me chamar de Apocalipse. Mas acho que tem a ver comigo, sim. Vivemos num mundo de imagens. Muitas pessoas me olham com estranheza. Mas não ligo. Procuro ser eu mesmo. As pessoas têm que gostar da gente e não de algo que tentamos ser.
• Você trabalha com ilustração de retratos também. Como funciona esse processo?
Os retratos faço por meio da observação. Comecei com esse trabalho em 2008, quando desenhei minha namorada e compartilhei nas redes sociais. Muitas pessoas compartilharam e disseram ter gostado muito. Depois disso, recebi diversos pedidos de retratos. Já fiz mais de 20. Larguei meu antigo emprego para me dedicar apenas à arte. Em breve, começarei a fazer tatuagens também.
• E a arte. O que significa para você?
A arte completa metade do vazio que há em mim. A outra metade sou eu. Ou seja, me divido entre mim e minha arte.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br