Grupo rechaça moradias populares

Estrela - IMPASSE EM ESTRELA

Grupo rechaça moradias populares

Abaixo-assinado com pelo menos 160 adesões evidencia inconformidade dos moradores dos loteamentos populares no bairro Boa União com a proposta de construir apartamentos populares. Para eles, não há infraestrutura necessária para o projeto. Governo afirma que esclarecerá assunto em reunião na segunda.

Grupo rechaça moradias populares
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Área para lazer e prática de esportes em vez de apartamentos populares para famílias de baixa renda. Mais investimentos em saúde, segurança e educação antes de construir um novo conjunto habitacional. Essa é a reivindicação de pelo menos 160 moradores dos loteamentos populares III, IV e V, no bairro Boa União, documentada em um abaixo-assinado.

Um dos líderes do movimento, Hélio Hemsing, critica o pouco diálogo antes da aprovação do projeto. Para ele, o bairro não tem infraestrutura para a proposta do Executivo. A intenção do governo é construir apartamentos para famílias que vivem em áreas de risco. “Ficamos sabendo que seria aqui depois da aprovação na câmara.”

O convênio com a Caixa Econômica Federal (CEF) estipula a necessidade da doação do terreno para destinação de interesse social pelo Minha Casa Minha Vida. Localizada na rua João Crestani, a área mede 1,6 mil metros quadrados e fica ao lado de uma quadra de esportes e uma pracinha.

A matéria foi aprovada no dia 5. Após o texto passar pelo Legislativo, moradores foram duas vezes à sessão para pressionar os vereadores. Hemsing mora no loteamento faz quase 24 anos. “Fui um dos primeiros a chegar. Agora tem umas 500 famílias aqui. Construir um prédio com 80 apartamentos vai impactar no bairro.”

Segundo ele, faltam serviços básicos. “Não tem creche. O posto de saúde fica do outro lado do Boa União. Imaginam com esse tanto de apartamento, onde vão estacionar os carros?”

Lori Rodrigues Schaibe e a filha Jaqueline concordam com Hemsing. “Não tem nenhum apartamento aqui. Vão fazer um depósito de pessoas”, diz Jaqueline. Os moradores contam que a área destinada para o projeto habitacional havia sido solicitada para construção de um pavilhão comunitário.

“Poderíamos fazer eventos, dar cursos para crianças, repassar para atividades ecumênicas. Promover a integração dos moradores”, defende Hemsing.

Dorcelina dos Santos mora em frente ao terreno previsto para a construção dos apartamentos. “Ali é nossa área verde. Queremos algo para aproveitar. Uma pista de caminhada, um salão para o bairro. Não um prédio.”

Moradores como Marceli Gerhardt, Geraldo Mattes, Jaqueline, Lori e o próprio Hemsing são unânimes na crítica. Para eles, faltou diálogo do governo com a comunidade. Na próxima segunda-feira, às 16h, ocorre reunião deles com o prefeito Rafael Mallmann.

Grupo de moradores afirma que não há infraestrutura para construção de apartamentos populares

Grupo de moradores afirma que não há infraestrutura para construção de apartamentos populares

Zerar o déficit

Pelos cálculos da Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho e Habitação, o município tem 200 famílias à espera pela casa própria aos moldes do Minha Casa Minha Vida para quem recebe até três salários mínimos.

Para o responsável pelo setor, José Itamar Alves, houve uma desinformação às famílias dos loteamentos populares. “Temos autorização da câmara para usar três áreas. Uma no Boa União, outra no Indústrias e por fim na rua dos Marinheiros.”

A partir disso, diz Alves, o governo faz um estudo para ver quanto cada um desses terrenos pode receber em termos apartamentos. “No loteamento popular, para atender todas as pessoas que estão em áreas de risco, seriam no máximo 50 apartamentos.”

Segundo ele, a formação daquela região da cidade foi por meio de programas habitacionais. “Se governos passados não tivessem criado aquele espaço, as pessoas poderiam ainda estar em locais alagáveis.”

Falta de diálogo

Sobre as críticas com relação à forma acelerada para aprovação do projeto sem a participação comunitária, o secretário atribui ao fato de ser um ano eleitoral. “Se fizéssemos uma reunião com os moradores, não daria tempo. Temos de encaminhar todo o convênio com a caixa até o dia 13 de abril.”

O município pretende protocolar a construção de até 120 apartamentos. “Se for possível, faremos os 200. Assim terminamos com o déficit habitacional por uns dez anos.” A previsão de investimento no programa alcança R$ 8,4 milhões.

Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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