A cidade recebe hoje, 23, o espetáculo A Sbørnia Køntr’AtRacka, às 20h. Com ingressos ainda disponíveis, a organização tem expectativa de casa cheia para a primeira vez em que se apresenta na região a peça protagonizada pelos artistas Hique Gomez e Simone Rasslan.
O espetáculo dá continuidade ao consagrado Tangos e Tragédias, que ficou em cartaz durante três décadas, até a morte de Nico Nicolaiewsky, em 2014. Além de Porto Alegre, a nova edição da comédia já percorreu São Paulo, Curitiba e Florianópolis e Portugal.
Na trama, Hique e Simone incorporam os personagens Kraunus e Nabiha, vindos de uma ilha flutuante chamada Sbørnia. Com costumes e tradições exóticas, os sbørnianos se aventuram no Brasil, enquanto a terra natal está sitiada por forças ocultas. Mesclando alta performance musical e interpretação cênica, o espetáculo é repleto de interações com o público.
Tem a participação especial da coreógrafa Gabriela Santos, professora de sapateado e danças urbanas. São reproduzidos trechos do longa-metragem de animação Até que a Sbórnia nos Separe, dirigido por Otto Guerra e Ennio Torresan.
“Palco muito nobre”
Violinista, compositor e humorista, Hique Gomes relembra a vez em que se apresentou com Nico em Lajeado, em 2013, com a peça Tangos e Tragédias. Para ele, será uma grande satisfação voltar à cidade e se apresentar no “maravilhoso” Teatro da Univates.
“A primeira vez que vi o palco, eu caí para trás. Há poucos teatros como esse no estado. Quando uma comunidade dispõe de um presente desse tamanho, ela se transforma em roteiro de espetáculos que estão viajando pelo mundo. Esse é um palco muito nobre”, elogia.
Ingressos
Ingressos podem ser adquiridos hoje, das 9h até o momento do espetáculo. Custam R$ 90, com descontos de 50% para estudantes, idosos acima de 60 anos, doadores regulares de sangue, deficientes físicos e jovens até 15 anos. Pessoas com idade entre 15 e 29 anos, pertencentes a famílias de baixa renda registradas no Cadastro Único, também têm direito à meia-entrada.
Entrevista
“Será que a Sbórnia é aqui?”
A seguir, Hique comenta sobre a carreira após a morte do histórico companheiro de cena, Nico Nicolaiewsky, e a nova parceria no projeto A Sbørnia Køntr’AtRacka.
A Hora – Como foi reconstruir a peça após a perda do Nico?
Hique Gomes – Foi duro por causa da falta dele. Ele era um grande artista, de grande envergadura. Ao mesmo tempo, nós tínhamos criado já muito conteúdo, que estava na gaveta. Esse conteúdo eu tirei para fora e comecei a usar dentro do espetáculo. A Simone Rassan, que era do espetáculo Rádio Esmeralda, é uma pessoa superdescolada nesse tipo de performance. A Rádio Esmeralda surgiu dentro do Tangos e Tragédias. Ela trabalhou nove anos nesse projeto até que a parceira dela morreu também. Nós nos encontramos muito no palco, nos sintonizamos muito. Ela é fantástica, uma musicista de primeira linha, pianista formada maestrina e comediante, tudo o que precisa para esse tipo de trabalho.
Sbórnia, em italiano, remete à embriaguez, bagunça. O que está por trás dessa comédia?
Gomes –É a leitura que as pessoas podem fazer disso. É uma provocação para que leiam o seu dia a dia. Será que essa bagunça, essa desorganização político-social, tem a ver com o seu país? É uma crítica social, uma provocação para que as pessoas se enxerguem ali.
O Brasil hoje está virado numa Sbórnia?
Gomes – Quem sabe as pessoas podem processar dessa forma. Cada um faz a sua leitura… Será que a Sbórnia é aqui?
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br