Depois de muito procurar a voz que queria em outros cantores famosos, o vocalista Sandro Fritsch, 26, da banda Nobelle, de Estrela, percebeu que sua busca estava mais perto do que imaginava. Ao começar a tocar músicas autorais, ele descobriu o potencial da própria voz.
• Como foram os primeiros passos na busca por sua voz?
Com 6 anos, meu pai me deu vários CDs do Nirvana, que na época era muito fã. Aquela voz rasgada e rouca do vocalista Kurt Cobain foi minha primeira influência. Além disso, os timbres de guitarra e o jeito de se expressar me despertaram a paixão pela música. Ouvi aqueles discos centenas de vezes. Aos 14 anos, tive minha primeira banda. Por muito tempo, toquei músicas cover. Tive outros grupos, como o Vulgar, que teve um certo reconhecimento na região, e na Aerophant. Tentava imitar a voz daqueles artistas que eu tanto admirava, mas nem sempre fechava com meu timbre.
• E como foi que você encontrou o seu jeito de cantar?
Foi no exato momento em que não quis mais tocar a música dos outros. Comecei a ter mais vontade de expressar os meus sentimentos e quem eu sou de verdade. Então, passei a cantar minhas próprias músicas. Foi uma espécie de reencontro com a música e com tudo aquilo que eu gostava de fazer nas bandas que toquei.
• E o público que acompanha seu trabalho, como recebeu isso?
Acharam um diferencial na minha voz. Disseram que minha voz foge do comum. Isso me incentivou. Mostrou que tem algo dentro de mim que deve ser explorado e melhorado cada vez mais. Trouxe foco e disciplina pra minha vida. Me dedico diariamente em técnicas vocais e exercícios de canto. Inclusive, fiz uma promessa e parei de fumar. Já na primeira semana percebi uma grande melhora no meu timbre.
• Percebe-se no meio musical muitos artistas imitando a voz de outros. O que você diria a eles?
Cantem com suas vozes. Não sejam o espelho de outras pessoas. Coloquem suas próprias identidades naquilo que estiverem fazendo. Seja do jeito que você é. Logo, logo, sentirá a diferença. Tanto você quanto aqueles que te escutam.
Tenho sentido isso principalmente agora, um pouco mais amadurecido musicalmente, na banda que canto, a Nobelle. Quanto mais canto as músicas que compomos, menos tenho vontade de tocar a música de outras pessoas.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br
