Na madrugada do primeiro dia do ano, o advogado Jhony Pereira, 28, sofreu um grave acidente de carro, no bairro São Cristóvão, em Lajeado. Por 51 dias, ele ficou hospitalizado. Passou por 5 intervenções cirúrgicas no intestino e ficou entre a vida e a morte.
• Qual lição de vida você tira deste trágico acidente?
Em razão da gravidade do acidente, encarei como algo que eu tive de passar, para me dar mais uma oportunidade de vida, para repensar e tomar novos rumos. Foi a forma que encontrei para amenizar o sofrimento da internação. Tentei encarar isso como uma aprendizagem, uma fatalidade, mas que eu tava disposto a mudar. Tive que aproveitar a chance de não ter morrido na colisão.
• O que a partir de agora você vai mudar?
Pensei muito em como minha vida estava indo e no que deveria mudar. Aprendi que devo ficar mais perto da família, nosso tempo é muito curto para não aproveitar os momentos com quem gostamos. A chance da gente não estar aqui amanhã é grande. Claro, sem deixar as responsabilidades de lado, a gente tem que viver as coisas boas da melhor maneira possível.
• Daqui para frente, como você vai aplicar isto?
Às vezes a gente mascara alguns problemas por meio de coisas superficiais, que não resolvem nada e acabam nos prejudicando ainda mais. Percebi que o valor das coisas está no enfrentamento direto. Temos de encarar as coisas de frente para encontrar a felicidade. Temos que atuar no sintoma, mas temos que buscar a cura.
• Além dos ferimentos, o que mais você curou no hospital?
No momento trágico, tive a exata consciência sobre mim. No acidente vi que eu tinha mais do que o problema das dores para superar, como questões internas e emoções mal resolvidas. Agora aprendi a dar valor para coisas mais básicas. Durante a hospitalização fiquei sem conseguir tomar água e comer. Um copo de água agora tem muito valor para mim, por exemplo. Estou vivo. Tenho que agradecer e apreciar tudo ao meu redor e fazer valer isso. Vi que posso encarar qualquer coisa. Não preciso ter medo de ir atrás do que quero. Encontrei uma força que, até então, desconhecia.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br