Advogado conhecido por atuar em casos polêmicos, Marco Alfredo Mejia é defensor de Silvio Fernandes Rodrigues, suposto “bruxo” de Novo Hamburgo. O caso ganhou repercussão nacional em dezembro do ano passado. Em fevereiro, após uma troca de delegados, a Polícia Civil descobriu que não havia relação entre os acusados e a morte das crianças.
• Como você avalia o caso do suposto bruxo?
Foi a maior decepção que já tive com a imprensa. Com relação à polícia, é possível distinguir bem. Um delegado agiu de forma criminosa, está sob investigação na corregedoria e terá uma punição drástica, então considero como um caso a parte. Mas teve promotor e magistrado que seguiram essa linha, algo que não pode ocorrer com um profissional da área. Quando vi o processo, imediatamente percebi que estava errado.
• Porque esta decepção com a imprensa?
Achei que a imprensa do RS seria uma das mais críticas do Brasil, mas esse foi um barrigaço digno de estudo. Foi um dos maiores erros jornalísticos dos últimos 30 anos. Considero como a Escola Base do jornalismo gaúcho. Todos os repórteres acreditaram no delegado e não deram a versão da defesa. Não teve jornalismo, não houve apuração, nem análise crítica nenhuma. Depois, não assumiram os erros ou fizeram uma mea culpa. Historicamente falando, também houve um erro policial que entrará para os anais. Tanto jornalistas quanto os policias devem estudar esse caso para saber como não errar.
• Como você se tornou defensor de casos polêmicos como este?
Defendi muita gente do sistema prisional em meus quase 30 anos de carreira. Fiz mais de mil juris e formei uma clientela de pessoas que estão presas. Fui adquirindo fama pelas pessoas que tirei da cadeia.
• Quais foram os de maior repercussão?
O primeiro de grande repercussão foi o rapto de uma criança por uma babá, que saiu no fantástico e no jornal nacional. A babá era inocente. Aqui em Lajeado teve a morte do casal Reginato. Defendi um dos acusados e até lamento de certa forma ter entrado, pois foi um caso muito horrível. Meu cliente era completamente inocente, foi absolvido e os demais condenados. Depois começaram a vir vários outros. O Ricardo Neis, que atropelou os ciclistas em Porto Alegre, o caso do goleiro Bruno, do médico Bayard, acusado de assassinato, entre muitos outros.
