Faixa roxa e octacampeão gaúcho consecutivo de jiu-jitsu, o pintor Antônio Marcos de Borba, 33, natural de Estrela, viu no esporte uma maneira de ter uma outra vida. Multi-campeão, se prepara agora para a disputa do mundial da modalidade em outubro, provavelmente em Abu Dhabi.
• Como começou a paixão pelo jiu-jitsu?
Tem um velho dilema de que o jiu-jitsu salva. E o jiu-jitsu me salvou. O esporte me tirou do meio da malandragem, do alcoolismo, o bagulho era sinistro. Sempre admirei os professores Miguel Anka e Luiz Hubert. Certo dia eles me viram brigar na rua e se impressionaram com minha habilidade no tumulto e me convidaram a participar da academia deles. Graças a Deus, consegui dar a volta por cima e hoje sou muito feliz na arte marcial. Dou aula para crianças e adultos na Academia Mário Reis/Augusto Torelli e tenho muitos amigos no esporte.
• Chegou a pensar em desistir?
Meu começo no jiu-jitsu foi bastante judiado, comecei com atletas mais graduados e demorei para entrar no ritmo deles, sofri muito com lesões e tive dificuldades financeiras. Passou pela minha cabeça em desistir, mas meus colegas e amigos continuaram me incentivando e segui no esporte. Após uma conquista, tu vê que teu esforço valeu a pena. Hoje, não penso mais em desistir, o jiu-jitsu é minha vida, até porque se ficar dois dias sem treinar não durmo de dor. Dói mais ficar parado do que treinando.
• O que o Jiu-jitsu te ajuda na rotina diária?
Ele ajuda muito, principalmente no tratamento com as pessoas no dia a dia. A ter atitude e compromisso. O jiu-jitsu me tornou mais firme nas minhas decisões, me transformou como homem. A maioria das vezes, no serviço que faço, consigo trazer as pessoas para treinar com nós na academia. O esporte está fazendo muita diferença tanto na vida profissional, quanto na pessoal.
• O que você pensa no momento em que está no tatame?
Só penso alegria, só diversão. Amo muito essa arte marcial. Se você faz algo sem amor, paixão, as coisas não acontecem. A medalha não é o mais importante em uma luta, ela vai ficar velha, então tento aprender o máximo toda vez que subo no tatame, sempre mantendo o foco e determinação para conquistar os objetivos.
• Quem são tuas inspirações?
Tenho pessoas especiais que são minhas inspirações que não são do meio esportivo. Minha esposa e minha mãe estão sempre lutando, sempre querendo vencer, isso para mim é uma inspiração tremenda. Tenho muitos ídolos no jiu-jitsu como Leandro Ló, André Galvão e Márcio Reis, mas me inspiro mesmo em pessoas reais, mais próximas, que estão no meu círculo de convivência.
Ezequiel Neitzke: ezequiel@jornalahora.inf.br