“O artesanato nunca acabará”

Estrela - Lição pela arte

“O artesanato nunca acabará”

Feira de Páscoa reúne 44 artesãos até domingo no ginásio do Colégio Santo Antônio

“O artesanato nunca acabará”
Estrela

Uma peça única. Exclusiva, feita a partir do talento, da criatividade e da paixão de pessoas conhecidas. Por esses motivos, a moradora de Costão, Rejane Sostmeier, visitou a 25ª feira de Artesanato de Páscoa nessa sexta-feira. “Temos de valorizar esses momentos. É importante ajudar na continuidade desse trabalho.”

Com a imersão tecnológica e um possível desinteresse das novas gerações em continuar com a atividade, um dos temores dos artesãos é que esse tipo de trabalho perca espaço em um futuro próximo. “Vejo isso lá em casa. Minhas filhas me apoiavam muito. Ajudavam na produção e hoje não querem nem saber”, conta a expositora Ane Scheeren, de Estrela.

Ane começou a vender peças em 1999. Após alguns anos afastada das feiras de Estrela, voltou nesta edição. “Fiquei muitos anos participando dos eventos em Porto Alegre, na Sociedade Germânia. A aceitação lá é muito boa. As pessoas valorizam bastante o nosso trabalho.”

Ainda que haja menos clientes em Estrela, Ane decidiu voltar, pois sempre atinge as metas de vendas. “Nos anos que participei, sempre foi muito bom. Então resolvi voltar. Conseguir os objetivos é possível. Basta ter pensamento positivo e trabalhar bastante.”

A dificuldade verificada por Ane é afastada por outra artesã. Sônia de Sena, de Lajeado. Ela trabalha faz 20 anos com artesanato. “O artesanato nunca acabará. Basta ver as feiras que ocorrem em todo o estado. Há muita gente envolvida.”

Outro motivo para essa visão otimista está na disseminação desse trabalho. “Hoje há inúmeras oficinas em escolas, centros de atendimento. Muitos jovens estão tendo contato. Duvido que não haja nesse universo aqueles que gostam e que vão ser artesãos no futuro.”

Para ela, não é de hoje que se fala do desinteresse das novas gerações com esse trabalho. “Quando eu era pequena, também poderiam pensar que estava reduzindo o número de artesãos. Esse trabalho sustenta muitas famílias. Desde que seja feito com amor, com criatividade e com evolução, nosso trabalho vai continuar.”

O evento no ginásio do Colégio Santo Antônio vai até domingo. É promovido pela Associação dos Artesãos de Estrela (Estrelart) e pela Secretaria de Cultura e Turismo (Secultur), com apoio de diversas empresas.

Nestes três dias, a organização estima um público de três mil pessoas. “O maior movimento será no sábado e no domingo”, estima a presidente do grupo Estrelart, Simone Wolker. Ao todo, 44 artesãos expõem as peças, que vão desde decoração, tricô, crochê, brinquedos pedagógicos e de madeira, mandalas, guirlandas, pinturas em MDF, objetos de vidro e outros confeccionados com material reciclável.

Sônia de Sena trabalha com artesanato faz 20 anos. Para ela, ofício nunca acabará

Sônia de Sena trabalha com artesanato faz 20 anos. Para ela, ofício nunca acabará

Consciência ambiental

Arte do lixo. Esse é o mote do trabalho de Fernando Rocha, de Lajeado. Ele expõe peças em vidros reaproveitados. “Comecei por que minha filha precisava de um corte específico em vidro. Tomei gosto pela coisa e não parei mais.”

O hobby aos poucos vai virando trabalho. Ele é mecânico de refrigeração e hoje divide a atividade com o artesanato. “Hoje é 50% do meu tempo para o artesanato. Alio prazer e também a proteção da natureza, retirando vidros que iriam para os aterros para transformá-los em novos produtos.”

Para a presidente da Estrelarte, Simone, os questionamentos sobre os rumos da humanidade, do consumismo desenfreado, mostram a necessidade de uma mudança comportamental. “Precisamos ter consciência da importância da reciclagem. Poderíamos reduzir o impacto do lixo na natureza, reaproveitando mais e descartando menos.”

Serviço

Local: Ginásio do Colégio Santo Antônio – Centro
Sábado: das 9h às 20h
Domingo: das 9h às 18h

Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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