O governador José Ivo Sartori esteve na inauguração da nova unidade fabril de uma multinacional de laticínios em Teutônia e não tocou no assunto da crise que assola os produtores rurais. Toda a cadeia do leite gaúcha está em risco. Apesar desse cenário crítico, o líder máximo do RS se absteve da polêmica. Aos agricultores que estavam em frente à indústria, dedicou um aperto de mão e alguns minutos de conversa.
Também tem evitado, faz mais de três semanas, o pedido do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat) de uma reunião com representantes do Vale do Taquari para debater medidas de apoio às famílias campesinas.
Em meio ao silêncio do Executivo, as cobranças das dívidas continuam batendo à porta dos produtores. Todos os dias. Diante da crise sem precedentes, as medidas de manter o ICMS sobre as importações tiveram resultado inócuo. O preço pago ao agricultor continua abaixo dos R$ 0,90. Se manter na atividade é um desafio com pouco índice de sucesso. Muitos estão pagando para trabalhar, pois o valor não paga nem os custos de produção.
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A identidade do gaúcho está na lida do campo. O RS é conhecido país afora por essa aptidão, pelo trabalho na lavoura, pelos altos índices de produtividade. A agricultura é o motor principal do estado.
Os personagens são da própria comunidade. Apesar disso, na ânsia de fortalecer a combalida economia gaúcha, o Piratini repete equívocos passados, abre o mercado para capital estrangeiro, aumentando as incertezas para o próprio povo. A crise na cadeia leiteira gaúcha é mais um episódio dessa política incompatível. A importação de leite em pó para empresas privadas, multinacionais na maioria, redundou em perda de competitividade às cooperativas gaúchas e causou queda no preço pago às famílias.
O Vale do Taquari tem na produção de leite uma das principais atividades. É responsável pela subsistência de milhares de pessoas, seja no campo ou na cidade. Conhecer essa relevância é dever do governo do Estado.
A política de incentivo para determinada organização em detrimento a outras desregula o mercado. Faz com que empresas tenham mais poder de barganha, das quais as cooperativas não podem competir. Esse foi o pano de fundo para a chegada da multinacional a Teutônia. Por isso, a indústria foi alvo de protestos no ano passado e ontem.
Editorial
À espera de resposta
O governador José Ivo Sartori esteve na inauguração da nova unidade fabril de uma multinacional de laticínios em Teutônia e não tocou no assunto da crise que assola os produtores rurais. Toda a cadeia do leite gaúcha está em risco.…