A lição que fica

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

A lição que fica

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

“Ainda tô em choque.” “Não dá pra entender.” “Só queria entender por quê.” “Ainda estou me recuperando do abalo.” “Coitadas.” “Que tragédia.” Santa Clara do Sul, cidade com cerca de sete mil habitantes, acordou perplexa no sábado. A morte trágica de Luciane Kunz e das duas filhas impactou a sociedade. Era o assunto uníssono do fim de semana.
Não é por menos. Imaginar uma mãe matando as duas indefesas crianças embrulha o estômago de qualquer um. Para quem conhecia Luciane, a compreensão deve ser ainda mais difícil. Os relatos de vizinhos e amigos apontam para uma mulher querida e simpática. Mas acometida por uma das doenças mais comuns na atualidade: a depressão. Conflitos conjugais, desestrutura familiar e disputa pela guarda dos filhos pioraram a situação.
Silhouette of male person against a colorful horizon.
Quando soube do fato e de quem se tratava, voltei aos tempos do Ensino Fundamental, na escola Frei Henrique de Coimbra, em Nova Santa Cruz. Lá se vão 22 anos. Relembrei do recreio, do início e do fim de cada turno, quando dividia brincadeiras de pátio com a Luciane. Sani, como a chamávamos, era franzina e espevitada. Demonstrava personalidade forte e tinha no sorriso largo e frequente sua característica principal.
Difícil imaginar que, passadas mais de duas décadas, o destino a conduzisse a um fim tão brutal. A sociedade procura respostas – se é que existem – diante do abalo. As reflexões são pertinentes, embora o julgamento precipitado e culturalmente preconceituoso marginalize a atitude da mãe, em perceptível surto psicótico ao encontrar na própria morte e na das filhas a solução para os problemas.
[bloco 1]
Não é um caso isolado, alerta o promotor Sérgio Diefenbach, na matéria divulgada no A Hora de ontem. “Temos centenas de situações parecidas”, emenda o promotor, referindo-se a conflitos conjugais, disputa por guarda de filhos, entre outros. Claro, nem todas terminam em tragédia. Ainda assim, sugerem-se reflexões acerca do comportamento individual, da preservação dos valores familiares, dos programas de assistências às famílias em vulnerabilidade, e por aí vai.
Que familiares e, especialmente o irmão das meninas, tenham resiliência e o apoio adequados para encontrar o conforto necessário para superar a dor e seguir seus caminhos.

Estudo sobre o tratamento

Pertinente reportagem do jornal O Globo, de ontem, destaca um estudo recente do Centro para Adicção e Saúde Mental do Canadá, o qual sugere que casos crônicos de depressão requerem uma abordagem diferente no tratamento. Segundo pesquisadores, a depressão persistente, ou crônica, provoca alterações no cérebro ao longo dos anos, o que sugere mudar a forma como pensamos e tratamos a doença à medida que ela progride. Detalhes sobre o estudo podem ser acessados no portal: oglobo.com.br/sociedade/saude.


Exageros e desinformação

Escrevi este comentário às 15h de ontem. Ou seja, bem antes da votação do projeto – se é que foi à votação – que muda a legislação sobre a abertura do comércio aos domingos e feriados. Fiz questão de antecipar, pois reitero a opinião de que toda a polêmica em torno do tema é muito mais oportunismo político e interpretação voluntariamente equivocada do projeto do que uma proteção ao trabalhador.
A pressa do Executivo em pedir urgência extrema para apreciação e votação da matéria é tão injustificável quanto o “jogo pra torcida” feito por quem se aproveita da situação e joga a opinião pública contra a medida. Pelo tumulto em curso nestes últimos dias, parece que o projeto exige que todo comércio de Lajeado seja obrigado a abrir e todos os trabalhadores obrigados a trabalhar aos domingos e feriados. Ledo engano.
A única mudança é: os donos de comércios passam a ter liberdade para, dentro da lei trabalhista vigente, abrir o estabelecimento em domingo e feriado, sem que haja punição ou multa. Nada mais. Será que essa alteração merece todo este banzé?


coluna fernando1

Saúde como força econômica

Começa a ganhar corpo um projeto capaz de despertar uma nova força econômica no Vale do Taquari e no estado. Setores da pesquisa e tecnologia, com apoio da reitoria da Univates, projetam para Lajeado e região um inovador e audacioso projeto voltado à área da saúde e toda a cadeia subsequente.
Inspirada num exemplo europeu, onde a cidade de Erlangen, da Alemanha, com cem mil habitantes, se tornou referência mundial e hoje abarca mais de cem mil trabalhadores, todos ligados ao setor da saúde. Mas não no sentido de atendimento ou tratamento médico. Muito, e quase somente pela pesquisa, inovação e fabricação de produtos.
Nessa direção é que caminha o projeto em construção na Univates. Ou seja, aproveitar a localização geográfica estratégica de Lajeado para criar um grande polo na área da saúde, atraindo investidores, pesquisadores, profissionais e empresas da área. É evidente que a capacidade e a qualidade do atendimento ao cidadão se elevariam por uma consequência natural.
Entre outras coisas, o projeto muda a concepção sobre o jeito de pensar a cadeia da saúde e convocará para uma quebra de paradigma local, no qual ignoramos a oportunidade e a demanda econômica que se apresenta em torno do segmento.


Em quantos grupos você está?

Pesquisa da Mobile Time/Opinion Box revela que cada brasileiro participa em média de 5,3 grupos da rede social WhatsApp, seja do trabalho, da escola, amigos, entre outros. A pesquisa foi feita com mais de duas mil pessoas de todas as regiões.
Entre homens, a média é um pouco maior: 5,6 ante 4,9 das mulheres. Detalhe: quanto maior a classe social, mais grupos: média de 6,4 para A e B, e de 4,9 para C, D e E.
A pesquisa só considerou os grupos ativos, ou seja, aqueles nos quais o integrante costuma interagir. Os chatos, quase sempre no silencioso, não foram tabulados.

Acompanhe
nossas
redes sociais