Parlamentares se reuniram ontem para discutir o edital de licitação para a construção da nova sede do Legislativo. Alguns deles demonstram insatisfação com o custo de R$ 200 mil previsto só para o ajustamento do projeto criado em 2005 pela Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Vale do Alto Taquari (Seavat). A concorrência pública está marcada para o dia 2 de outubro.
Um dos parlamentares contrários é o vice-presidente, Ildo Salvi (REDE). Ele pretende convencer outros colegas e o próprio presidente da mesa diretora, Waldir Blau (PMDB), a repensarem o gasto previsto.
“Consideramos o valor muito elevado só para realizar pequenos ajustes em um projeto que já está pronto”, reforça Salvi. Ele também questiona a indefinição do valor total da obra. Segundo ele, e baseado no orçamento de 2005, que era próximo de R$ 4 milhões, o custo para construção da nova sede, atualmente, pode superar a cifra de R$ 15 milhões.
Líder do PTB na câmara, Ernani Teixeira também demonstra insatisfação com o edital lançado na semana retrasada. Para ele, o valor previsto de R$ 200 mil “é meio pesado”. Entretanto, o parlamentar prefere debater com os demais colegas antes de se posicionar acerca da concorrência pública.
“A gente combinou de movimentar com outros colegas para ver qual será a medida a ser tomada. É uma situação desagradável. Precisamos analisar melhor. Se tiver que tomar uma posição, acho necessário ouvir a opinião da maioria”, reforça.
Teixeira também reclama da falta de comunicação entre os 15 parlamentares da atual legislatura, principalmente em relação a decisões tomadas pelo presidente. Ele afirma, por exemplo, que só tomou conhecimento do edital de licitação por meio da matéria publicada pelo jornal A Hora, na semana passada.
Entre os itens do possível contrato, constam o projeto das fundações, cortinas de contenção, pisos externos e de subsolo; estrutural da supraestrutura (pilares, vigas, lajes, escadas, reservatórios – inferior e superior e cisterna) e estrutura metálica da cobertura do auditório.
“Eu não sabia de nada. O ideal, creio eu, seria conversar com todos os vereadores antes de lançar um edital como este, com um custo total de R$ 200 mil. O ideal é que todos os parlamentares tenham conhecimento de tudo que será gasto pela câmara”, sugere. Os vereadores contrários à licitação devem formalizar, ainda hoje, um pedido para anular o edital antes da abertura das propostas.
Edital para toda obra em novembro
Blau pretende iniciar a obra da nova sede ainda este ano. Ele quer utilizar o mesmo projeto arquitetônico produzido em 2005, e assinado por nove profissionais ligados à Seavat. O imóvel escolhido para o empreendimento é o terreno da antiga Praça Mário Lampert, na rua Júlio May, no centro.
Já o edital para a construção do “esqueleto” do prédio deve ser lançado em novembro, aposta o presidente. Até o momento, ele não soube precisar o valor total da obra. O prédio desenhado pela Seavat tem três andares com 21 gabinetes, salas de reunião, espaço para exposição, plenário de 288 lugares com um teatro, e 57 vagas de estacionamento.
Outra dúvida
Além de reclamarem do alto valor dos projetos suplementares à nova sede, alguns vereadores também foram contrários a outra ação do presidente: a contratação de uma empresa de consultoria jurídica para atualização do regimento interno da câmara. Um requerimento contrário a esse acordo – ainda sem divulgação de gastos – foi assinado por nove parlamentares.
Eles alegam que o Legislativo já conta com equipe jurídica capacitada para realizar os ajustes, além do convênio pago com a União dos Vereadores do Rio Grande do Sul (Uvergs) para esse tipo de análise. São contrários à consultoria, além de Salvi e Teixeira, Nilson do Arte (PT), Sérgio Kniphoff (PT), Sérgio Rambo (PT), Marcos Schefer (PMDB), Eder Spohr (PMDB) e Carlos Ranzi (PMDB).
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br
