A Promotoria de Justiça Especializada de Defesa do Consumidor e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram mandados de busca e apreensão, na manhã de ontem, em duas distribuidoras da região. Uma delas a Elivi Distribuidora, do bairro Hidráulica de Lajeado, e a outra Schuza Atacadista, do bairro Canabarro, em Teutônia.
Ambas revenderiam a repartições públicas e supermercados papel higiênico ou toalha das marcas Luxor, Azaléia e Alphes, fraudadas por uma empresa de Três Forquilhas, próximo a Torres, que funcionaria de forma clandestina, sem licenciamento ambiental ou qualquer tipo de alvará.
De acordo com os responsáveis pela operação, intitulada de Metro a Metro, alguns papéis higiênicos teriam até 40% menos produto do que o indicado nas embalagens. Os fabricantes adulterariam desde o comprimento até a largura.
Conforme o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, existe o dano à saúde dos consumidores. “Encontramos mais de dez toneladas de produtos mofados, jogados diretamente no chão, em meio a pneus e teias de aranha, que justamente iriam ser utilizados para fazer fraldas para bebês”.
Conforme o MP, nas duas empresas da região, foram apreendidos documentos, que servirão de base para uma análise mais aprofundada. Os papéis higiênicos e toalhas encontrados foram deixados nos estabelecimentos, que ficarão como fiéis depositários, até o desenrolar do processo.
As duas participariam com frequência de licitações nos municípios, para venda desses e outros materiais de higiene, limpeza e consumo. Os responsáveis pelas duas distribuidoras preferiram não se pronunciar sobre o assunto. Proprietário da Schuza, José Jair Borba de Souza, apenas informou que não revendia nenhuma das marcas adulteradas.
Revenda no Vale
No total, a produção do grupo familiar de Três Forquilhas seria comercializada a cerca de cem pontos no estado, entre supermercados, prefeituras e outros órgãos públicos. Um dos municípios que teria adquirido o produto, via licitação, seria Fazenda Vilanova.
A administração informou que não tem contrato com as empresas citadas. Mas que em 2016 adquiriu o produto da marca Azaléia, de outra empresa. Foram comprados 195 fardos com 16 pacotes cada, distribuídos entre as repartições públicas. Em novembro de 2016, o município foi informado da investigação, mas, devido à solicitação de sigilo do MP, não tomou qualquer providência. Agora, o caso será encaminhado para a procuradoria jurídica do Executivo, para as devidas providências.
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Ainda foi feita uma ordem de serviço para o chefe de almoxarifado e para as demais repartições que recebem qualquer tipo de mercadoria para que seja feita a conferência por amostragem de dimensão, peso, quantidade e medida de todos os produtos recebidos.
Metro a Metro
Durante a operação, ainda foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em outras oito empresas do estado: R. B. Porto & Cia. Ltda., S. B. Porto & Cia. Ltda., Portopel do Brasil Indústria e Comércio Ltda., Fralmax Indústria e Comércio de Fraldas Ltda., R. Brehm Porto – ME, Avelina Brehm Porto – ME, Rondpel Indústria e Comércio de Papéis Ltda., Fortpel Comércio de Descartáveis Ltda. Situadas em Três Forquilhas, Terra de Areia, Arroio do Sal, Gravataí e Porto Alegre.
Algumas delas não existem nos endereços apontados nos registros empresariais, e outras estão extintas legalmente, mas ainda constam como as responsáveis pela produção e participam de licitações. Duas ainda têm um objeto social diferente do executado. A empresa Avelina Brehm da Silva também consta como falida desde outubro de 2003.
Também foram presos, preventivamente, os empresários Delto Fernando Brehm Porto, Rafael Brehm Porto e Samuel Brehm Porto, pai e filhos, respectivamente. Eles foram encaminhados à Penitenciária Modulada de Osório.